Produzida por Zeca Pagodinho, Karinah redescobre pérola do sambista
Artista faz show com repertório do novo disco e clássicos do samba na unidade da Barra do bar do padrinho nesta quarta-feira (30)

Ela está sempre muito bem acompanhada. Após participar de 33 shows da turnê de 50 anos de carreira da madrinha Alcione, no ano passado, a cantora Karinah acaba de laçar o álbum Meu samba, com direção artística e participação especial do padrinho Zeca Pagodinho. A curitibana radicada no Rio faz show com músicas do novo trabalho nesta quarta-feira (30), às 20h, no bar do Zeca Pagodinho, na Barra. No repertório da apresentação, com direção musical de Pretinho da Serrinha e Alan Monteiro, há ainda sucessos de nomes como Clara Nunes e Dona Ivone Lara, referências para ela.
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“Este ano, eu estou nessa fase de construir, divulgando as canções em rádio, trabalhando no digital, e fazendo shows pontuais. Ainda quero gravar um audiovisual, muito provavelmente, em São Paulo. Estamos estruturando”, adianta Karinah.
A faixa em dueto com o padrinho, Foi um sonho, foi composta por Nelson Rufino – o disco, que tem direção musical de Max Pierre, estava quase pronto quando o sambista se prontificou a gravar com ela, lembra a cantora.
“Cheguei a chorar. Ele pediu: ‘Você deixa eu gravar essa música com você?’ Aí eu disse assim… ‘Oi? Você está me pedindo para gravar uma música comigo?’ Ele disse: ‘Você vai querer?’ Aí me deu um nó na garganta. Porque… Por mais que a gente estivesse ali todos os dias, juntos e tal, eu nunca pedi nada para ele. Ele já estava sendo muito generoso comigo em tudo”, conta a artista.

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Outra generosidade de Zeca foi dar a Karinah uma música composta por ele em parceria com Moacy Luz, que ficou na gaveta por 40 anos. Luz da saudade foi escrita em um talão do jogo do bicho e é a oitava das dez faixas do novo álbum. A cantora conta que um sonho premonitório adiantou o presente.
“Cheguei no estúdio e, de repente, Zeca entrou e disse que tinha uma música que pensou em dar para a Alcione, mas que daria para mim”, relata Karinah.
A amizade com Zeca Pagodinho foi construída. Eles se conheceram no casamento de Arlindo Cruz e Babi, em 2012. Mas ela conta que a relação ficou mais próxima após o padrinho vê-la cantando em um dos shows da turnê da Marrom.
“Quando ele me viu no palco, saiu do camarote em que estava e foi falar comigo. E já chegou me convidando para participar de projetos, dizendo que queria me produzir. Disse: ‘Meu Deus, onde você estava que eu não te conhecia?’. E, ali começou uma amizade muito legal, de carinho”.
Karinah revela ainda que Zeca a pegou pela mão, a apresentou a todos os compositores do seu disco Quintal do Zeca Pagodinho, cuja versão ao vivo foi lançada em 2012, e cedeu para ela canções que havia selecionado para o audiovisual de 40 anos de carreira, gravado no ano passado, que acabaram não entrando no repertório.
“Zeca me acolheu, me pegou e disse: ‘vem cá, que agora você é minha. O mercado precisa colocar novas artistas aí, e principalmente o samba’. E as músicas que ele disponibilizou para mim vieram de uma peneira muito importante. Porque Zeca nunca errou no repertório. E ele tem um olhar muito preciso para aquilo que realmente fica bom para o timbre da minha voz”, resume a artista.