Cantora Teresa Cristina denuncia racismo religioso em hospital público
Tainá Louriçal, de 33 anos, é paciente oncológica e estava internada. Na hora do banho, seu fio de contas, uma guia de proteção espiritual, foi jogado no lixo

Um vídeo publicado nas redes sociais pela cantora Teresa Cristina na tarde desta terça (22) gerou revolta de cariocas.
A artista denunciou um caso de racismo religioso sofrido pela neta de santo de sua yialorixá, Marcia Marçal, no Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, na Tijuca, Zona Norte. A unidade é administrada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
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O caso aconteceu na última sexta (18). Tainá Louriçal, de 33 anos, é paciente oncológica e precisou ser internada após um mal estar. Na hora que ela foi tomar banho, seu fio de contas, uma guia de proteção espiritual, foi jogado no lixo. Ela tinha deixado o item em cima da cama do hospital, do lado de seu telefone. Quando voltou, apenas o celular estava no local.
A paciente já teve alta hospitalar e pretende registrar a ocorrência da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), no Centro do Rio, nesta quinta (24).
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“Se fosse uma troca de lençol, o celular também não estaria. Chamei a enfermeira, que me colocou na cadeira. Perguntei pelo meu fio, e ela levantou os braços como quem diz ‘não sei’ e saiu. Eu fiquei desesperada. A médica tentou me acalmar… Mais tarde, a enfermeira falou que só Jesus salva, só Jesus liberta”, contou Tainá ao jornal O Dia.
“Se ela estivesse com uma Bíblia, um crucifixo ou uma mensagem de um santo de devoção, aconteceria o mesmo?”, questionou Teresa Cristina em seu vídeo.
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Assista ao vídeo de Teresa Cristina:
Ainda no hospital, Tainá gravou um vídeo sobre a situação e acredita que a repercussão do caso tenha acelerado a sua alta hospitalar. “A médica tinha me dito que ainda faltava fazer uma tomografia da coluna. Mas senti que eles não queriam me manter internada. Tive alta, mas não consigo andar sem ajuda”, acrescentou.
Em nota, o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG-Unirio), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), informa que os fatos descritos estão sendo apurados com a seriedade e o rigor que o caso exige. A paciente retornará à unidade na próxima sexta (25) para consulta e será solicitado que abra ouvidoria com o detalhamento do ocorrido para sequência da apuração. As medidas cabíveis serão adotadas conforme o resultado da apuração.
A gestão do HUGG repudia veementemente qualquer forma de desrespeito à liberdade religiosa e reafirma seu compromisso com a promoção de um ambiente acolhedor, inclusivo e respeitoso para todos os pacientes, acompanhantes e profissionais.
A instituição reconhece que as manifestações de fé fazem parte do cuidado integral em saúde, sendo fundamentais para o bem-estar físico e emocional dos pacientes”.