Paulo Tiefenthaler: ‘Não aguento mais falar sobre o Larica Total’

Com um Kikito de Melhor Ator, ele está em "Auto Posto" (Comedy Central), e prestes a estrear outra série, "Perdido", também como diretor, no Canal Brasil

Por Cleo Guimarães
15 jun 2020, 10h23
Paulo Tiefenthaler: ator vai interpretar o dono de uma loja de calcinhas em Copacabana, em nova série do Canal Brasil (Helena Barreto/Divulgação)
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Paulo Tiefenthaler tem novos projetos e quer falar sobre eles. Ator, diretor e roteirista, ele diz ser muito grato e “amar de paixão” o Larica Total – programa de “gastronomia de guerrilha” que o levou ao estrelato em três vitoriosas temporadas no Canal Brasil e saiu do ar há oito anos -, mas afirma que não aguenta mais o protagonismo deste trabalho em sua carreira. “Nos últimos anos estrelei quatro longas, faço teatro, ganhei um Kikito de melhor ator em Gramado, e ninguém fala disso. Não sou só o maluco que cozinha”, desabafa. Em entrevista a VEJA RIO, Paulo, 51 anos, atualmente em cartaz na série “Auto Posto”, no Comedy Central, conta sobre a vida na quarentena, dá detalhes de seu próximo trabalho – e, meio a contragosto, fala um pouquinho sobre o “Larica Total”, que atualmente pode ser visto em reprises.

Você está em cartaz com a série ‘Auto Posto” (Comedy Central) e em breve estreia uma outra série, “Perdido”, no mesmo Canal Brasil do “Larica Total”. Do que se trata “Perdido”?  É um programa que eu levei para o Canal Brasil, mas quis, desde sempre, que não fosse nada parecido com o “Larica”. Sou muito grato ao programa, fez muito sucesso, mas não quero ficar marcado só por isso. Chega. Com todo respeito a quem curte e pede uma quarta temporada, eu digo: não vai rolar. Não tenho mais vontade de fazer, acabou esse troço.

E eu ia perguntar agora uma receita de larica para a quarentena. Tudo bem. A melhor larica é aquela que você gosta e compra bastante pra comer quando quiser. No meu caso, é o bacalhau escorregando no azeite. Eu sou o contrário do personagem. Em casa, como pão sem glúten, café sem açúcar, não uso farinha de trigo. Gosto é de comida mediterrânea, um peixinho com legumes na panela wok, suco verde. Quando saio, me libero e como carne, tomo minha cerveja. Mas em casa é assim.

Falando sobre seus novos projetos, “Perdido” é uma série passada em Copacabana? Sim, totalmente em Copacabana, onde fui criado. Sou do Posto Seis, da Joaquim Nabuco. É uma homenagem ao bairro, e foi filmado mais naquela área ali da “Faixa de Gaza” da Rua Rodolfo Dantas, na lateral do Copacabana Palace. É o mundo louco daquela parte entre o Azumi e o Copa que eu quero mostrar. Meu personagem é um escritor de meia idade sem grandes sucessos que herda uma loja de calcinhas da tia. Ele é obrigado a manter um jovem gay, vivido pela modelo e mulher trans Joana Couto, como funcionário no negócio. Não vou dar detalhes para não dar spoiler, mas era importante uma atriz trans para este papel.

Seria por uma questão de representatividade? Não só por isso. Mas eu, como um homem hétero de mais de 50 anos, não estou no lugar de fala da trans. E eu queria mostrar a trans normal, como qualquer outro personagem, independente de gênero ou orientação sexual.

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Quais os seus pontos preferidos em Copacabana? Eu amo a Colônia dos Pescadores, no Posto Seis; a Avenida Atlântica, cresci andando naquele calçadão, ia bebendo com os meus amigos de noite até o Leme, vendo as prostitutas e os travestis; tenho saudade dos cinemas de rua, como  o Rian, onde assisti a “Tubarão”, o Caruso, amo o Roxy; a Galeria Menescal… Comi muita esfiha com a minha mãe no Baalbek, depois a gente comprava sapato na sapataria Santa Fé, na saída da (Avenida) Nossa Senhora.

Em Auto Posto, atualmente em cartaz no Canal Comedy Central, seu personagem é um fiscal corrupto. É a imagem do Brasil atual? É uma comédia, mas esta tudo ali. A série se passa totalmente num posto de gasolina, não tem outro cenário. É só o posto. Uma coisa meio Friends, sabe? E o meu personagem é amigo do dono deste posto, então ele sabe que o cara vende gasolina adulterada mas não multa porque ganha uma comissão… Essas coisas.

Como está sendo a sua quarentena? Estou há três meses no sítio da minha família, em Teresópolis. A casa estava toda abandonada, e eu passo o dia todo cuidando dela, fazendo reformas e consertos. A limpeza da casa é uma festa, outro dia comprei uma máquina que aumenta a pressão da água, sai um jato fortão de um negócio que parece uma espingarda. Você não sabe a alegria que me dá mirar aquele jato numa parede imunda, ela vai ficando limpinha… Ah, que alegria! Parece que está limpando a minha alma. É bom demais.

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