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Premiados, Leonardo Bora e Gabriel Haddad rompem fronteiras do Carnaval

Entre o popular e o erudito, carnavalescos da Vila Isabel levam a arte do barracão ao CCBB, ao Paço Imperial e ao Grand Palais

Por Bruno Chateaubriand Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
14 nov 2025, 07h43
Bora e Haddad Foto de Ewerton Pereira 2.jpg
Gabriel Haddad e Leonardo Bora: os eruditos da folia (Ewerton Pereira/Divulgação)
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Em cartaz no CCBB, a exposição Manguezal reúne cinquenta obras sobre o ecossistema fértil que simboliza vida, resistência e ancestralidade. Entre trabalhos de Lasar Segall (1889-1957), Hélio Oiticica (1937-1980) e Carybé (1911-1997), bastiões das artes plásticas, uma escultura de grandes dimensões, posicionada no térreo, salta aos olhos.

Trata-se de Vermelho-Mangue, releitura do carro alegórico Quem é do Barro, no Igapó, é Caruana, apresentado pela Grande Rio na Sapucaí este ano.

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O desfile, assinado pelos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad celebrou a cultura da Amazônia paraense com pompa e circunstância.

Além da Avenida, uma meticulosa colaboração artística rendeu à dupla o conceituado prêmio Pipa, com direito a mostra no Paço Imperial. Honrando o Carnaval e atentando-se a múltiplas formas de expressividade, os dois criativos levam a estética da folia para os museus.

“Leonardo e Gabriel mantêm e ampliam uma tradição da arte brasileira que se localiza nas criações carnavalescas. Eles subvertem ao pensar a alegoria como obra a ser experimentada por milhares de espectadores”, observa o curador da coletiva aberta à visitação no CCBB, Marcelo Campos.

Quando Leonardo Bora, paranaense de Irati, e Gabriel Haddad, niteroiense, assinaram, em 2018, o desfile da Acadêmicos do Cubango na Série A (antigo grupo de acesso), o Carnaval do Rio testemunhou o nascimento de uma nova gramática visual na Marquês de Sapucaí.

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O título não veio naquela ocasião, mas os dois passaram a contar com o respeito da crítica e de intelectuais da área. Eles se conheceram alguns anos antes no Carnaval Virtual, uma competição on-line entre aspirantes a carnavalescos, e chegaram a ser um casal, preferindo manter a amizade e a união profissional.

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Bora, doutor em teoria literária pela UFRJ, encontrou em Haddad, formado em relações internacionais e aspirante ao universo da diplomacia, um parceiro de reflexão e criação.

Bebendo da fonte de mestres como Rosa Magalhães (1947-2024), Renato Lage e Joãosinho Trinta (1933-2011), o duo reinventou a maneira de contar histórias na Passarela do Samba.

A ousadia plástica, marcada pelo uso de materiais alternativos e por uma narrativa poética, fez com que eles se tornassem sinônimo de uma arte que rompe fronteiras. “Nosso trabalho é, sobretudo, uma mediação entre territórios”, define Bora, de 39 anos.

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Em 2022, veio a consagração definitiva no Grupo Especial, com o lendário Exu da Grande Rio. O espetáculo transformou a Sapucaí num grande terreiro, entrelaçando o erudito e o popular, o morro e o asfalto, o rito e o gesto, dando à agremiação de Caxias seu primeiro título na elite do Carnaval.

No final do ano seguinte, a mostra Laroyê, Grande Rio, no Museu de Arte do Rio (MAR), traduziu para o espaço expositivo a energia do enredo arrebatador sobre o orixá guardião da comunicação.

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Em julho deste ano, eles alçaram um voo até Paris, marcando as celebrações da Temporada Brasil-França. A nave do Grand Palais recebeu partes do inesquecível abre-alas da Grande Rio, que simulava o fundo do mar com peixes e águas-vivas em tons de azul e verde.

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“Bora e Haddad estabelecem um diálogo surpreendente entre a expressão popular e a arte contemporânea, produzindo obras de alta complexidade e fácil leitura”, analisa o historiador e pesquisador de Carnaval Felipe Ferreira.

Focada em arrepiar a Avenida em 2026, a Vila Isabel contratou a peso de ouro a dupla mais valiosa de carnavalescos da atualidade. O enredo vai homenagear o cantor, compositor e pintor Heitor dos Prazeres (1898-1966), e Bora e Haddad já adiantaram que não pretendem mostrar uma cronologia, mas as múltiplas facetas do artista.

O samba de André Diniz, Evandro Bocão e Arlindinho Cruz vem sendo elogiado por quem entende do riscado.

Mesmo divididos entre o dia a dia corrido e o glamour dos museus, eles mantêm o barracão como epicentro criativo. “Nosso núcleo central conta com seis pessoas, e é ali que tudo começa”, explica Haddad, 37, que todo ano faz questão de cruzar a Intendente Magalhães na ala das baianas.

Entre fios, bordados e narrativas, Leonardo Bora e Gabriel Haddad reafirmam que o Carnaval é, antes de tudo, pensamento. Uma arte que costura o sagrado e o profano, e que segue, como o Rio, em permanente reinvenção.

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É coisa de museu
Onde são exibidas as criações da dupla

Prêmio Pipa Ano 16.

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Prêmio Pipa (Fabio Souza/Divulgação)

A banca usou critérios como representatividade e pluralidade para escolher os melhores projetos. Nesta instalação, os criativos exibem a riqueza das manifestações populares, do artesanato ancestral e da experimentação visual. Em cartaz no Paço Imperial até domingo (16).

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Manguezal.

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(Rafael Arantes/Divulgação)

Sob curadoria de Marcelo Campos, a coletiva revela a força simbólica da lama e da argila, moldando identidades e revelando a força dos rituais afro-indígenas, o samba e os movimentos populares. Um dos destaques é a réplica de um carro alegórico concebido por Haddad e Bora. Em cartaz no CCBB até 2 de fevereiro.

Grand Bal BrasilBrésil.

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(instagram @leonardo.bora/Divulgação)

A folia invadiu o Grand Palais, na capital francesa, no início de julho, marcando a relação bilateral entre o Brasil e o país europeu. A festa contou com comidas típicas, apresentações de frevo, axé e show de Jorge Aragão. O destaque foram os elementos do abre-alas da Grande Rio no Carnaval 2025.

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