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Carnaval 2026: influenciadoras ganham destaque na Sapucaí e geram polêmica

Nomes como Virginia Fonseca e Gkay sabem que o título de rainha de bateria é uma poderosa vitrine de fama e poder.

Por Bruno Chateaubriand Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
19 set 2025, 06h41
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Gkay será musa do Salgueiro (./Divulgação)
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Em 1985, um enredo futurista, que projetava o Carnaval de 2001 no espaço sideral, deu à Mocidade Independente de Padre Miguel seu segundo título. Naquele desfile, Monique Evans rompeu padrões ao cruzar a Passarela do Samba à frente dos ritmistas, inaugurando o posto de rainha de bateria midiática, que se tornou comum em todas as agremiações. Ao mostrar que aquele espaço poderia ser ocupado não apenas por mulheres da comunidade, mas também por celebridades, a carioca, hoje com 69 anos, abriu caminho para atrizes e modelos.

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Agora, a lista ganha o reforço de influenciadoras digitais, que sabem que o título é uma poderosa vitrine de fama e poder. Na teoria, a rainha de bateria é a personificação da energia dos músicos, traduzindo, nas curvas de seu corpo, a cadência dos tambores. Seu papel, portanto, é quase coreográfico e não vale ponto no julgamento oficial, mas o peso é inegável. “Quando essa função é ocupada por alguém sem a vivência da quadra, o gesto pode perder a força simbólica”, avalia Carla Brito, diretora de carnaval da Série Ouro e ex-passista do Salgueiro.

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Virginia Fonseca substitui Paolla Oliveira na Grande Rio (./Reprodução)

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Ao longo dos anos, a coroa passou a condensar não apenas a força do surdo, da cuíca e dos tamborins, mas também interesses mercadológicos. As escolas compreenderam que o cargo de rainha de bateria tende a atrair patrocinadores, holofotes e, mais recentemente, o tão procurado engajamento digital. Esse fenômeno acende discussões sobre pertencimento e até que ponto o Carnaval deve dialogar com a lógica da exposição a qualquer custo.

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Quem já está com o passaporte carimbado para a Sapucaí (Editoria de arte/Veja Rio)
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O ciclo de 2026 traz exemplos que ilustram bem esse choque entre tradição e marketing digital. Com mais de 52 milhões de seguidores no Instagram, Virginia Fonseca, que vive em Goiânia, vai substituir a atriz Paolla Oliveira na Grande Rio. No Salgueiro, GKay (apelido da paraibana Gessica Kaiane) estreia como musa, enquanto Mileide Mihaile, ex-Fazenda, será rainha da Unidos da Tijuca. O presidente da Liesa, Gabriel David, faz um alerta sobre esses movimentos que de tempos em tempos assolam a Sapucaí. “Elas aparecem, pegam visibilidade e depois somem”, observa, sublinhando a fragilidade de vínculos quando o posto é tratado apenas como vitrine passageira.

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Juliana Paes volta a ser rainha de bateria da Viradouro (./Reprodução)

 

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A discussão, porém, não é nova. “Há quem interprete como um afastamento da identidade da escola em prol da glamorização, mas não podemos excluir ninguém. Quem critica esquece de que, quando éramos considerados marginais, foi preciso que tia Ciata curasse uma ferida do então presidente Venceslau Brás com uma pasta de ervas para que ele liberasse as festas de samba em sua casa”, lembra Rute Alves, primeira porta-bandeira da Viradouro. Na escola de Niterói, vale dizer, a atriz Juliana Paes, criada nas redondezas, retoma sua longa parceria em 2026, no desfile que homenageará Mestre Ciça.

 

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Lore Improta literalmente veste a camisa da escola de Niterói (./Instagram)

 

Outra famosa potente nas redes que veste a camisa vermelha e branca é Lorena Improta, com 16,4 milhões de seguidores, que chegou à Viradouro ainda na Série Ouro. Há espaço para todas, mas a vivência na quadra se traduz na Avenida. Afinal, é no chão da comunidade que o posto encontra sua essência. Rainhas como Evelyn Bastos, da Mangueira, Mayara Lima, do Paraíso do Tuiuti, e Viviane Araújo, do Salgueiro, honram a tradição. São presenças diárias, não apenas nos ensaios técnicos, mas nas festas, nas campanhas solidárias e nos encontros que mantêm a chama das escolas acesa durante todo o ano. Elas representam uma linhagem e têm a clara noção de que ser rainha é servir de referência dentro e fora da Sapucaí.

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