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“A pandemia aproximou ainda mais o setor cultural das pessoas”, diz Calainho

Ao lado de Alexandre Accioly, empresário realiza o Tim Music Noites Cariocas, que leva shows ao Morro da Urca a partir desta sexta (18)

Por Kamille Viola
Atualizado em 17 mar 2022, 17h29 - Publicado em 16 mar 2022, 18h37

Em 2004, os empresários Luiz Calainho e Alexandre Accioly reeditaram um grande sucesso anos dos 1980: o festival Noites Cariocas, que, levando shows ao Morro da Urca, um dos mais belos cartões-postais da cidade, ajudou a impulsionar a carreira de grupos como Titãs e Paralamas, então iniciantes. O evento, mais uma vez, foi um sucesso absoluto.

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Em 2009, o festival chegou a ganhar uma igualmente bem-sucedida edição na Praça Mauá. Mas agora, rebatizado de Tim Music Noites Cariocas, ele volta ao seu deslumbrante cenário original, novamente pelas mãos da dupla de empresários. A edição traz novidades: o selo Noites Cariocas Discos, que vai lançar gravações de alguns dos shows nas plataformas digitais; o palco Parque Bondinho Pão de Açúcar, onde se apresentam 16 novos artistas que foram escolhidos pelo TikTok, e o projeto Arte nas Noites, que vai disponibilizar NFTs do artista René Machado para venda no festival.

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O Tim Music Noites Cariocas acontece em quatro fins de semana seguidos, a partir deste sábado (18), e tem shows de nomes como Paralamas, Capital Inicial, Ney Matogrosso, Iza, BaianaSystem e Diogo Nogueira, entre outros. Em conversa com VEJA RIO, Calainho comemorou a volta do evento depois de todos os obstáculos impostos ao setor de entretenimento e contou que vê com grande entusiasmo a retomada do calendário cultural do Rio.

Como vê a volta do Noites Cariocas nesse momento de trégua da pandemia?

É curioso porque, no fim do dia, o setor da economia criativa, do entretenimento foi o primeiro a ser impactado e está sendo o último a sair, porque a grande alma do nosso negócio é aglomerar, né? E a gente não podia. Então, ao mesmo tempo, foi um período de muito desafio, mas também de muito aprendizado, de muita reflexão. Nos meus negócios, eu comecei a buscar formatos inovadores, pensamentos disruptivos. Então, apesar do desafio econômico — e a gente tem uma estrada boa aí para recuperar todo esse período que a gente passou fechado —, eu confesso que o conjunto dos meus negócios sai muito mais bem pensado, com muita reflexão, com muito mais novas ideias do que entrou na pandemia.

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E retorno do festival acontece justamente logo após um novo pico da covid-19.

A gente tem uma grande sincronicidade com relação à data do Tim Music Noites Cariocas. Eu e o Alexandre Accioly decidimos retomar o evento em maio do ano passado. E, naquele momento, a gente entrou em um debate sobre quando fazer. Havia uma ideia de fazer no verão, em janeiro, fevereiro etc. Felizmente, a gente tomou a sábia decisão de fazer no final de março, início de abril. O que acabou acontecendo? Infelizmente houve a Ômicron, um repique da pandemia em janeiro e fevereiro. Agora que a pandemia está refreando, e nós seremos o primeiro festival a acontecer no “pós-pandemia”. E naquele lugar que é muito icônico, aquela pedra poderosíssima, de onde você vê Leblon, Lagoa, Cristo Redentor, Pedra da Gávea, Dois Irmãos, Praia de Copacabana, Ilhas Cagarras… E o que é mais interessante: é o festival de música mais longevo da história do Brasil. Foi criado pelo Nelson Motta em 1980, então neste ano a gente completa 42 anos.

Qual a importância do festival para a agenda de eventos da cidade?

Absoluta. A convicção que eu tenho é que existem dois grandes festivais, que são completamente emblemáticos, históricos e cruciais na trajetória e na história da música pop rock no Brasil: o Noites Cariocas, de 80, e o Rock in Rio, de 85. Aliás, fui em todas as edições do Noites Cariocas, na época como público, quando o Nelsinho produziu. Não poderia haver melhor festival para reabrir essa grande temporada de contato com artistas, grandes shows, abraços, beijos, das pessoas se reencontrarem do que o Tim Music Noites Cariocas.

Como enxerga a cena cultural do Rio neste momento?

Eu vejo com muito otimismo. Conheço todos os empresários do setor. É claro que a gente tem que considerar que ninguém queria a pandemia, obviamente, tantas famílias que sofreram no Brasil, 650 mil que se foram no país e outros tantos milhões no mundo. Mas, posto isso, existem alguns pontos com relação à economia criativa, ao segmento do entretenimento, que valem ser avaliados. O primeiro é que a pandemia trouxe uma atenção ainda maior para o setor. Naquele momento em que todos nós estávamos confinados, a nossa grande válvula de escape estava onde? Nas lives, nas músicas, nas plataformas digitais, no cinema… A economia criativa veio de um jeito muito importante naquele momento em que o mundo inteiro se confinou. Acho que ficou muito claro para todos que arte, cultura, música é fundamental na vida da gente. A pandemia aproximou ainda mais o setor da cultura, do entretenimento das pessoas. Depois, todos os produtores, o conjunto das empresas, tiveram a oportunidade de aprofundar ideias, construir novos caminhos disruptivos, enfim, planejar toda uma estratégia que pudesse consolidar melhores resultados, entregas, conteúdos para o público. O setor cresceu enquanto reflexão, esse é o segundo ponto. E o terceiro ponto é que os patrocinadores, que são fundamentais para a economia criativa, também esse período da pandemia trouxe, de uma forma mais evidente, o conteúdo. É claro que a publicidade segue sendo fundamental. Mas a entrega de algo físico, presencial, o conteúdo, ativação, engajamento, nesse período, as empresas e as agências entenderam que isso é fundamental. O resultado disso tudo isso é que eu vejo com grande entusiasmo essa retomada no Rio. A cidade tem a vocação do entretenimento, é uma cidade outdoor, com muita energia, é uma cidade de cariocas, mas também de brasileiros e de estrangeiros. Os produtores estao acelerando, estão com ideias novas, produzindo conteúdos no Rio, assim como o público também está respondendo. Tenho usado uma frase como emblema desse momento: o Morro da Urca vai decolar.

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Nos anos 1980, o festival foi responsável por impulsionar a carreira de vários artistas de uma geração. O que vocês buscam com a programação desta edição?

O Noites Cariocas, lá nos anos 80, foi uma espécie de start-up do pop rock nacional: impulsionou muitas carreiras, a partir daquele palco, Nelsinho Motta com a força que já tinha. Foi um grande celeiro. A gente construiu quatro verticais, sob o ponto de vista da curadoria, nessa temporada agora em 2022. A primeira, que a gente celebrasse artistas dos anos 70 e 80. Por isso convidamos  Ney Matogrosso, Leo Jaime, Baby e Pepeu, Paralamas, Capital Inicial, enfim, artistas de muito peso que representam 40 anos ou mais de trajetória. Os monstros sagrados. A segunda vertical foram os artistas de dez anos para cá, novos talentos que estao com muita força: Anavitória, Baianasystem, Iza, Diogo Nogueira. A terceira vertical foi para celebrar nomes que estiveram na temporada dos anos 80, mas que infelizmente não estão mais conosco. Convidamos três grandes musicais que explodiram e os artistas desses musicais, transformamos em pocket-shows, e aí a gente vai celebrar Cazuza Tim Maia e Cássia Eller. E a quarta é um espaço alternativo, o palco Bondinho Pão de Açúcar. Lá, vão tocar oito artistas, nas datas do festival, em finais de tarde, 17h30, e mais oito, à noite, em torno das 22h, lá no Tim Music Noites Cariocas. A quarta vertical dará luz a 16 novos nomes da cena pop rock. Foi feito um pitching via TikTok, chamado Desafio Bondinho Pão de Açúcar: os artistas mandaram vídeos, músicas etc., um conselho curador definiu os vencedores e são esses que vão tocar.

Vocês vão lançar um selo ligado ao evento. O os que levou a querer registrar esses shows?

Ali você tem uma experiência muito única. É uma química muito única, aquele formato do anfiteatro, o artista muito próximo do público, você tem uma catarse que é unica. Durante dez anos, fui executivo de uma grande gravadora, a Sony Music, vi shows nos cinco continentes, dos mais variados artistas. Eu asseguro que não há uma experiência igual a ver um show ali, naquele lugar. Porque, além da estrutura física do lugar, ele fica nessa pedra, nessa rocha poderosíssima, chamada Morro da Urca. E isso tem uma energia muito especial. A minha gravadora, Musickeria, eu e meus sócios, nós propusemos ao evento lançar um selo, porque são momentos históricos que acontecem ali. A gente desejou justamente criar um selo que lançasse isso. Nesse primeiro momento são quatro álbuns, com Diogo Nogueira, Baby e Pepeu, tributo a Cássia Eller (com Tacy) e tributo a Cazuza (com Osmar Silveira), nas plataformas de streaming.

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