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Eduardo Moscovis: “Aquilo me enlouqueceu”

Em meio às gravações da série Fúria, da netflix, o ator estreia seu segundo monólogo, O Motociclista no Globo da Morte, e se prepara para a próxima novela das 9

Por Renata Magalhães
Atualizado em 18 set 2025, 20h46 - Publicado em 12 set 2025, 09h12
Du Moscovis: “Era uma preocupação não ser rotulado, entrar nas caixinhas que querem que a gente esteja”  (Catarina Ribeiro/Divulgação)
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Um homem racional e sensato se vê envolvido em um episódio absurdo enquanto almoçava num bar. A partir desta premissa, O Motociclista no Globo da Morte discute a gênese da violência e debate o fascínio que histórias macabras despertam nas pessoas — vide o atual fenômeno de filmes e séries inspirados em crimes verdadeiros.

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Dirigido por Rodrigo Portella (de Tom na Fazenda), esse é o segundo solo da carreira de Eduardo Moscovis, que conversou com VEJA RIO às vésperas da estreia no Teatro Poeira. O ator vive uma maratona: está em meio às gravações da série Fúria, para a Netflix, na qual interpreta o dono de uma academia de luta, e estará na próxima novela das 9, Três Graças, em que renova sua parceria com dramaturgo Aguinaldo Silva.

Além disso, acaba de encerrar uma sequência de temporadas da comédia Duetos, com Patricya Travassos, vista por mais de 200 000 pessoas Brasil afora. A virada para o drama trouxe reflexões sobre o impacto das redes sociais, a falta de empatia e a sobrevivência em um país marcado pela discriminação, assuntos discutidos em uma entrevista feita de sua casa, em São Conrado, onde o carioca de 56 anos usa o tempo livre para curtir um de seus hobbies preferidos, cuidar do jardim.

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Você fez um monólogo em 2011. Por que demorou tanto tempo para repetir a experiência? Esse não é um lugar que me atrai. Lá atrás, muita gente me incentivou a estar só em cena, mas o jogo com outra pessoa me faz falta. Assim como aconteceu em O Livro, o primeiro solo, esse novo texto chegou pronto para mim. Quando li, percebi que era um instrumento para o que estou querendo falar hoje. O espetáculo mostra que nem todo mundo é só bom ou mau.

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É assustador pensar que qualquer um pode ceder à violência? É a primeira vez que estou trabalhando com o Rodrigo Portella (diretor) e logo no início ele perguntou se eu seria capaz de fazer o que o personagem fez. Eu disse que sim. Trata-se de um homem bom, legal e ético, que comete um ato impulsivo. Estamos convivendo com vários tipos de violência, dos mais diferentes níveis, e, com o passar do tempo, isso pode repercutir de uma forma destrutiva.

Existe uma espetacularização do horror? Essa é uma das principais discussões da peça. As redes sociais e o acesso ilimitado às informações criam o cenário perfeito para isso. Tem muita gente que se sente seduzida por histórias macabras, de true crime, com serial killers que recebem milhares de cartas. Nossa proposta é levar o público a refletir sobre o que está por trás desses interesses e entender melhor os seus próprios limites.

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Como esses assuntos influenciam a sua paternidade? Minha infância foi dentro de um universo muito masculino, com uma criação tradicional e estereotipada. Com o nascimento dos meus filhos — tenho três meninas e um caçula ó, fui evoluindo, especialmente nas conversas que tenho com eles. A montagem fala sobre a reprodução de comportamentos tóxicos e aponta para uma criação diferente, para que os homens sejam mais atentos e sensíveis.

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É estranho ver as suas filhas nas manchetes de notícias? As mais velhas passaram pela adolescência com pouca influência das redes sociais. A Manu, que tem 18 anos, é bem filhote dessa era de tecnologia e não tem preocupações em relação à exposição. Ela se sente à vontade. Eu sou o oposto, não tenho necessidade de alimentar esse lugar. É arriscado e perigoso, e também tento mostrar isso a ela.

Passou por alguma situação nesse sentido? Já me incomodei com a perseguição dos paparazzi no início da carreira, ao ir à praia com os amigos para surfar. Quando morava no Leblon, descobri que um fotógrafo tentava pagar vizinhos e porteiros para alugar o terraço do prédio em frente ao meu, para pegar imagens dos quartos das crianças. É o fim do mundo, aquilo me enlouqueceu. Não é porque sou um artista que podem se sentir no direito de invadir a minha intimidade.

O que mais te tira do sério? A forma agressiva como estamos sustentando os nossos argumentos. Há uma falta de flexibilização que torna uma briga de trânsito com desdobramentos muito perigosos. A intransigência virou uma tendência sociopolítica e isso me deixa em lugar de defensiva e preocupação. Estamos ficando pouco gentis e atentos ao coletivo.

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Você sempre tentou se esquivar do estigma de galã. Em que medida isso ainda norteia as suas escolhas? Era uma preocupação não ser rotulado, entrar nas caixinhas que querem que a gente esteja. Tinha 30 anos, trabalhava em um veículo de teledramaturgia que usava (e ainda usa) essa fórmula de contação de história com um “mocinho”, termo que é quase pejorativo. Isso não bastava para mim, por isso achava que tinha que ser um movimento meu. Tudo bem ocupar esse espaço, mas queria poder experimentar outras coisas.

Já sentiu a pressão do passar do tempo sendo uma figura pública? Tem algo de interessante nisso que é dar espaço para pessoas novas. Você sai um pouco do foco. Aí está a nossa sapiência: saber onde transitar e se realocar. Temos uma sorte danada em poder ir ao teatro e assistir ao Othon Bastos e a Fernanda Montenegro, com 90 e poucos anos. Os conflitos existenciais viram outros.

Pode citar um exemplo? Eu me pergunto como continuar sendo esse cara branco, hétero, da Zona Sul, e ao mesmo tempo ter uma compreensão mais universal das coisas. Especialmente no nosso país, em que o feminicídio e o ataque aos LGBTs estão entre os mais altos do mundo, onde ser uma minoria é verdadeiramente perigoso.

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Sente mais liberdade em transitar entre o streaming e a TV? Optei por não renovar o meu contrato lá atrás, em 2007, para tentar abrir novas frentes, mas a minha relação com a Globo sempre foi boa. É claro que o surgimento de novas plataformas criou oportunidades diferentes, mas elas também estão entendendo o mercado brasileiro. O que importa é o produto, e cada um tem a sua linguagem. As novelas ainda atingem um público fel. Muitas vezes, da nossa bolha sudestina, não vemos o tamanho do nosso país.

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