Diversigames: conheça o projeto social que ensina por meio de jogos
Realizada pelo empresário Ricardo Chantilly, eleito "Carioca Nota 10", a iniciativa ajuda jovens em situação de vulnerabilidade
Aprimeira semana de março foi particularmente agitada para o empresário Ricardo Chantilly: logo após fincar mais uma base de seu projeto social no Rio, ele embarcou rumo ao Texas para relatar a história da iniciativa no maior festival de inovação do mundo, o South by Southwest.
Tudo começou em 2017, com o nascimento do primeiro filho, quando o produtor musical decidiu dar uma guinada na vida profissional depois de anos trabalhando com bandas como O Rappa e Jota Quest.
Ao conhecer os e-sports (modalidade de esportes eletrônicos) em um campeonato internacional que distribuiu 25 milhões de dólares em premiações, percebeu que a trilha para a ascensão profissional de muitos jovens desfavorecidos poderia passar por ali: “Vi que aquilo não era mais o futuro, era o presente”.
Fechou, então, uma parceria com o AfroReggae e criou o Afrogames, pioneiro ao levar esse universo a quatro favelas cariocas. Mais de 500 moradores de comunidades carentes se matricularam nos cursos e, em 2023, ele decidiu ampliar o leque.
“Foi um caminho natural querer estar próximo de um número maior de ONGs e alcançar outras localidades”, explica. No final do ano passado, Chantilly abriu em Benfica a primeira unidade do Diversigames, uma evolução do projeto original.
“Os jogos eletrônicos ensinam noções de matemática, estratégia, trabalho em equipe e até outra língua”
Niterói ganhou a segunda base neste mês e, em julho, será inaugurada mais uma, desta vez em São Paulo, com foco em jovens usuários de drogas em situação de rua. Junto com lições de inglês e reforço escolar, os participantes podem estudar gratuitamente programação ou mesmo aprender a jogar.
“Jogos eletrônicos ensinam noções de matemática, estratégia, trabalho em equipe e até outra língua”, explica Chantilly, ressaltando que a evasão das aulas de idioma acabou quando os alunos perceberam a relevância das línguas estrangeiras para conseguir jogar e programar.
“Isso sem falar no letramento digital para muitos que nunca haviam tido contato com um computador”, diz. Os que mais se destacam são contratados, com salário, para competir pelo time oficial ou virar professor.
“Já participei de shows em estádios com milhares de pessoas, mas impactar a vida de um só adolescente traz o propósito que eu estava procurando depois de ter meu filho”, celebra, já pronto para a próxima partida.
O plano até 2025 é expandir a rede para dez unidades entre Rio e São Paulo e transmitir a metodologia com o objetivo de ver a experiência replicada por todo o Brasil. Esse jogo do bem ele já ganhou.
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