Nem todo mundo deu ouvidos a Felipe Michel, secretário de Envelhecimento Saudável, Qualidade de Vida e Eventos do Rio, que na semana passada pediu para os foliões evitarem os blocos não autorizados pela prefeitura. Sem alarde e sem documento, o Imaginô? Agora amassa! fez seu tradicional percurso, pela Rua José Linhares, no Leblon, num cortejo fúnebre que contava com um caixão e faixa: “Descanse em paz, Crivella”. Essa foi a maneira encontrada pelo bloco para protestar contra a gestão municipal, que desde o ano passado suspendeu sua autorização para sair às ruas, depois de 16 anos de desfiles. “Nunca tivemos nenhum problema, de nenhuma natureza, nada”, diz Gustavo Albuquerque, compositor e um dos fundadores do bloco.
O cancelamento da licença, afirma Gustavo, veio logo depois do desfile de 2018, quando Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus e tio de Crivella (que é bispo licenciado da IURD), foi ironizado em seu enredo. “Claro que perdemos nossa autorização como represália a esse desfile” diz Gustavo. “Mas a perseguição da prefeitura é contra o carnaval como um todo, contra a alegria e a cultura. É a Igreja Pentecostal que está dando as cartas na cidade”. O caixão de Crivella foi jogado ao mar logo depois do cortejo fúnebre, mas parece que Iemanjá não curtiu a oferenda. “Voltou na primeira onda”, diz Gustavo.