Três Anúncios para um Crime
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
Com sete indicações ao Oscar, Três Anúncios para um Crime é um dos favoritos para levar o prêmio principal. Sam Rockwell e Frances McDormand, ambos excelentes, devem ficar com as estatuetas de melhor ator coadjuvante e melhor atriz. Ao contrário de A Forma da Água, seu maior rival, o filme, escrito e dirigido por Martin McDonagh (Na Mira do Chefe), aborda temas atuais, porém de forma realista. Na fictícia cidadezinha de Ebbing, no Missouri (citada no título original), Mildred (Frances) está injuriada. Sua filha foi estuprada e assassinada sete meses atrás e, até agora, a polícia não tem nenhuma pista do criminoso. Para exprimir sua angústia, ela aluga três outdoors e neles estampa sua incredulidade em frases em que desafia e compromete o trabalho do delegado Willoughby (Woody Harrelson). Em Ebbing, o policial racista Dixon (Rockwell), conhecido como “torturador de negros”, não disfarça sua revolta em atos movidos a violência. Mildred e Dixon, duas pessoas em lados opostos, têm o mesmo temperamento explosivo e inconformista. Em roteiro afiado, McDonagh destrincha muito bem os personagens e inverte, pouco a pouco, os papéis de vilão e mocinho (e se pergunta se há mesmo vilões e mocinhos). As doses de humor injetadas numa história dramática fazem parte do registro: o sarcasmo faz emergir preconceitos de forma reveladora. Direção: Martin McDonagh (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri, EUA/Inglaterra, 2017, 115min). 16 anos.