Quase Memória
Resenha por Miguel Barbieri Jr
Embora nascido em Moçambique, o diretor Ruy Guerra fez carreira no Brasil a partir de 1958, quando chegou aqui. O realizador de Os Cafajestes e Estorvo volta às telas, aos 86 anos, com Quase Memória, inspirado em um premiado livro de Carlos Heitor Cony. Charles Fricks e Tony Ramos interpretam o mesmo personagem em épocas distintas da vida. O maduro Carlos, de 1968, encontra o idoso Carlos, estabelecido em 1994. As lembranças de infância, sobretudo o relacionamento com o pai, jornalista (João Miguel), viram motivo para uma acirrada discussão. Ainda que o tom literário dos diálogos atrapalhe a fluidez narrativa, o tempo presente vem carregado de uma dramática tensão existencial. Para o passado, contudo, o cineasta adota um tom cômico, quase circense, com fotografia de cores fortes, que destoam e afrouxam o conjunto. Direção: Ruy Guerra (Brasil, 2015, 95min). 12 anos.