
Resenha por Renata Magalhães
Logo na entrada da sala, chama atenção o som inconfundível dos alto-falantes. Sucessos musicais e versos declamados são alguns dos caminhos que, na mostra em cartaz no Centro Cultural Correios, levam à arte múltipla de Arnaldo Antunes. O acervo exposto é um passeio pela eclética trajetória do poeta, artista plástico e músico, ex-integrante dos Titãs. Trinta anos de produção visual são representados, das colagens de revistas e jornais reunidas na série Oráculo, feita no início da década de 80, às recentes instalações de O Interno Exterior, em que monitores de vídeo exibem imagens nas quais placas e letreiros compõem um poema urbano, caótico, mas nem um pouco aleatório. A poesia em suas várias possibilidades também marca presença de forma atraente em obras interativas, jogos de palavras inspiradas na pop art. No conhecido conjunto de trabalhos Caligrafias, os versos ganham cores quando o artista espirra tubos de tinta diretamente no papel. Cada obra presente dá conta da originalidade de Antunes, que, na exposição, exibe domínio completo da palavra — ora como um domador, ora como um ilusionista.