O Filme da Minha Vida
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
Depois de Feliz Natal (2008) e O Palhaço (2011), Selton Mello volta para trás das câmeras dirigindo O Filme da Minha Vida. Inspirado no livro Um Pai de Cinema, do chileno Antonio Skármeta, o longa-metragem tem uma produção de época caprichada da década de 60 e deslumbrante fotografia de Walter Carvalho. Seu requinte visual emoldura uma bela história familiar de encontros e desencontros. Tony Terranova (Johnny Massaro), um jovem professor, regressa à sua pequena cidade no interior gaúcho e descobre que seu pai (Vincent Cassel) abandonou a mãe e retornou para a França, seu país de origem. Apaixonado pela melhor amiga (Bruna Linzmeyer), Tony desabafa suas angústias com o grosseiro criador de porcos Paco (Mello). A narrativa titubeia entre o drama, o romance juvenil e o humor na meia hora inicial e deslancha levemente a partir de uma revelação surpreendente. Atração à parte, a maravilhosa trilha sonora vai de Nina Simone e Charles Aznavour a Sérgio Reis. Quando está em cena, Selton Mello/Paco é um gigante imbatível com suas tiradas irônicas. Como realizador, tem uma sensibilidade artística de repertório apurado. Direção: Selton Mello (Brasil, 2017, 113min). 14 anos.