Nine — Um Musical Felliniano
- Duração: 120 minutos
- Recomendação: 12 anos
Resenha por Rafael Teixeira
Um dos mais famosos cineastas da Itália, Guido Cotini está empacado em uma crise criativa. Para arejar as ideias, ele se refugia em um spa em Veneza, mas o efeito é o contrário do esperado. Lá, ele será obrigado a lidar — ora no plano da realidade, ora em lembranças ou ainda em sonhos — com as mulheres importantes de sua vida. E elas são muitas: a esposa um tanto infeliz, a mãe severa, a amante fogosa, a impetuosa prostituta que conheceu na infância, sua exigente produtora e a musa de seus filmes. Encenado na Broadway em 1982, o musical de Maury Yeston (compositor) e Arthur Kopit (autor do texto) marcou época ao transpor para o palco o clássico 8½, emblemático longa de Federico Fellini, conservando dele os múltiplos planos narrativos e referências à psicanálise do suíço Carl Jung. A montagem de Charles Möeller e Claudio Botelho mantém o alto nível que consagrou a dupla, a começar pela escolha do protagonista: italiano radicado no Brasil, Nicola Lama é a locomotiva que, entre o ímpeto e a graça, capitaneia a produção e faz parecer fácil o dificílimo. A direção cênica, de Möeller, e a musical, de Botelho (responsável pelas fluidas versões das letras), contam outros tantos méritos na condução do elenco. Totia Meireles, vivaz como produtora, Malu Rodrigues, cheia de picardia na pele da amante, e Myra Ruiz, esfuziante no papel da prostituta, se destacam em seus números. A cenografia neutra (aplicável, assim, aos vários planos narrativos) de Rogério Falcão, iluminada com competência por Paulo Cesar Medeiros, o visagismo de Beto Carramanhos e os exuberantes figurinos de Lino Villaventura compõem um atraente painel visual.