Manchester à Beira-Mar
Casey Affleck já ganhou mais de quarenta prêmios por sua atuação em Manchester à Beira-Mar, inclusive o prestigiado Globo de Ouro. Se os ventos continuarem soprando a favor, deverá também levar o Oscar. Não espere, no entanto, uma interpretação extravagante ou visceral. O astro, irmão do galã Ben Affleck, opera no modo intimista e, assim como brilhou em O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford (2007), faz uma caracterização de voz baixa e gestos contidos. Combina, contudo, à perfeição com seu personagem, Lee Chandler, um zelador de Boston. Circunspecto, cabisbaixo e solitário, o rapaz recebe a notícia de que seu irmão está internado num hospital. Ao chegar a Manchester, durante o gélido inverno no Estado de Massachusetts, é tarde demais. Chandler, agora, tem de lidar com um problema ainda maior. No testamento, o irmão estipula: ele será o guardião legal do sobrinho adolescente (papel de Lucas Hedges). Diretor e roteirista, Kenneth Lonergan alterna passado e presente para mostrar como Chandler virou um sujeito amargo, frio e cinzento. Embora abuse da duração e apele para o tristíssimo (e manjado) Adágio, de Albinoni, para pontuar a sequência mais trágica da história, o realizador mostra pulso firme no enfoque do drama de seu protagonista sem cair na tentação do sentimentalismo. Direção: Kenneth Lonergan (Manchester by the Sea, EUA, 2016, 137min). 14 anos. Estreou em 19/1/2017.