Jogador Nº 1
Resenha por Miguel Barbieri Jr
Pense no Steven Spielberg de Os Caçadores da Arca Perdida a Jurassic Park, de A.I. — Inteligência Artificial a Prenda-Me Se For Capaz, imagine o mestre em sua melhor forma e, com 71 anos, trabalhando com a gana dos principiantes e a vitalidade dos jovens diretores. A alma de adolescente do realizador está impressa em Jogador Nº 1, esfuziante aventura de ficção científica, inspirada no best-seller homônimo de Ernest Cline. Diferentemente de games que foram transpostos para o cinema com resultados opacos (vide Tomb Raider e Assassin’s Creed), o novo longa-metragem de Spielberg sai da literatura e vira um jogo de criatividade ímpar. Numa sociedade distópica, em 2045, as pessoas preferem passar o tempo no mundo virtual do Oasis. A vantagem de estar no universo do game é que Halliday (Mark Rylance), seu criador, deixou a empresa como herança para o vitorioso que for capaz de encontrar três chaves entre os Easter eggs, bônus camuflados no Oasis. O órfão Wade (Tye Sheridan, na foto) dá início, portanto, a uma tumultuada caça ao tesouro. Há três fãs da cultura pop por trás de Jogador Nº 1: o autor do livro, Spielberg e o personagem nerd Halliday. O encontro gera uma sensacional seleção de referências do cinema e da música, sobretudo da década de 80. É como se o filme tivesse vários Easter eggs, para deleite dos fãs. Alguns explícitos, como a recriação estupenda de O Iluminado; outros apenas para cinéfilos atentos, como as alusões a Matrix e a De Volta para o Futuro. Direção: Steven Spielberg (Ready Player One, EUA, 2018, 140min). 12 anos.