Inútil a Chuva
- Duração: 120 minutos
- Recomendação: 12 anos
Resenha por Rafael Teixeira
Um personagem que não aparece nunca em cena é, de certa forma, a figura mais presente no drama Inútil a Chuva, o novo trabalho da Armazém Companhia de Teatro. Parceria entre o diretor Paulo de Moraes e seu filho, Jopa Moraes, o texto percorre os caminhos de uma família cujo pai, um pintor diletante, sumiu de repente, deixando a dúvida se teria se matado ou simplesmente largado a mulher, Lotta (Patrícia Selonk), e a prole, formada por Slavoj (Leonardo Hinckel), Claude (Tomás Braune) e Sarah (Andressa Lameu). O sumiço joga o preço da obra do artista nas alturas, despertando na jornalista Vivian (Amanda Mirasci) o interesse pela história, que ela investiga com a ajuda de Matthias (Marcos Martins), um amigo do desaparecido. Reflexões sobre o modo como se relacionam o visível e o oculto, o dito e o guardado, brotam da dramaturgia — ademais evocativa do conjunto dos trabalhos de um artista plástico, com cenas no limiar entre a autossuficiência e a composição de sentido na totalidade. A cenografia de Paulo de Moraes e Carla Berri (com direito a um barco a remo de verdade) reveste a cena de metafórica plasticidade, à qual se integra, como mais uma pincelada, o coeso elenco