Ilha dos Cachorros
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
https://www.youtube.com/watch?v=bxjsxi8s8YE
O diretor Wes Anderson tem uma carreira singular e muito peculiar no enfoque do comportamento humano — ora de forma extravagante (Os Excêntricos Tenenbaums), ora de modo pueril (Moonrise Kingdom). Se o grande momento de sua filmografia se deu com o espetacular O Grande Hotel Budapeste, desta vez Anderson não deixa por menos em Ilha dos Cachorros, sua primeira animação desde O Fantástico Sr. Raposo (2009), que lhe rendeu o prêmio de melhor direção no Festival de Berlim 2018. Feito na técnica de stop motion, o trabalho traz um resultado superlativo. A trama é ambientada no Japão, onde Kobayashi, o prefeito da fictícia Megasaki, responsabiliza os cães por espalharem o vírus de uma “gripe canina” entre a população. Ele decide, então, bani-los e levá-los para uma ilha deserta que se transformou num depósito de lixo. Lá, eles sobrevivem à própria sorte. Mas algo tende a mudar quando o garoto Atari, de 12 anos, desembarca de um teco-teco à procura de seu pet. Quatro cachorros dóceis mais o rebelde Boss resolvem ajudá-lo a reencontrar o animal. Há vários temas num roteiro rico e afetuoso. Anderson faz críticas aos regimes totalitários e à exclusão das minorias (nesse caso, em uma alusão à crise dos refugiados). Não se trata, contudo, de um drama. Com humor cínico e debochado, Ilha dos Cachorros reúne um time de vozes marcantes (Bryan Cranston, Bill Murray, Edward Norton, Scarlett Johansson) a serviço de bichos digitais de personalidade ímpar. Direção: Wes Anderson (Isle of Dogs, EUA/Alemanha, 2018, 101min). 12 anos.