Iberê Camargo
Resenha por Carolina Barbosa
Em cartaz no Museu de Arte Moderna, este desconcertante panorama foi criado para celebrar o centenário do artista gaúcho, natural de Restinga Seca, que se radicou no Rio ao longo de quatro décadas. A mostra Iberê Camargo: um Trágico nos Trópicos reúne 134 trabalhos, pinturas, desenhos, gravuras e matrizes, produzidos entre os anos 50 e 90. Melancolia e certa desilusão com a vida sobressaem nas grandes obras das conhecidas séries Ciclistas, Tudo Te É Falso e Inútil (nome tirado de um verso de Fernando Pessoa) e As Idiotas, essa sem dúvida a mais impactante de todas as criações presentes. Com quase 2 metros de largura, a imponente tela A Idiota (1991) expõe uma personagem em tons de roxo, de aparência disforme e expressão assombrosa, retratada sobre fundo de cores opacas. Pinturas de carretéis, brinquedos da infância que o levaram à abstração, também estão representadas em trabalhos como Fiada de Carretéis (1960). Fotografias e artigos sobre outras exposições de Iberê Camargo (1914-1994) no MAM completam o acervo, pinçado sob cuidadosa curadoria de Luiz Camillo Osorio.