Garota de Ipanema, o Amor é Bossa

- Direção: Gustavo Gasparani
- Duração: 120 minutos
Resenha por Renata Magalhães


Espetáculo inaugural do belo Teatro Riachuelo, Garota de Ipanema, o Amor É Bossa tem ingredientes para cair nas graças do público. A trilha sonora defendida ao vivo, com quarenta canções, construída sob a supervisão de Roberto Menescal, é um dos acertos do musical dirigido por Gustavo Gasparani (realizador do elogiado Samba Futebol Clube). Uma aposta ousada, porém, resulta em desafinação. Ao jogar luz na história dos protagonistas Zeca (Thiago Fragoso) e Dindi (Letícia Persiles), o texto de Thelma Guedes transforma personalidades em tipos secundários. Até aí, nenhum problema, se Vinicius (Will Anderson) não fosse pintado como um gaiato, Tom (Guilherme Logullo), reduzido a figurante, e Nara Leão, coitada, fizesse algo além de saltitar. Idas e vindas no relacionamento do casal principal avançam pelo tropicalismo e pela música de protesto, em inusitados saltos na narrativa. Mais fluido, o segundo ato traz os pontos altos da sessão: a cena em que a rebelde Amélia é vítima de tortura durante a ditadura consagra a atriz Stephanie Serrat e o pot-pourri de versões de Garota de Ipanema em várias línguas encanta a plateia. Por outro lado, o cenário franciscano destoa da imensidão do palco e o elenco de apoio é pouco aproveitado pela direção.