Fogo no Mar
- Direção: Gianfranco Rosi
- Duração: 108 minutos
- Recomendação: 12 anos
- País: Itália/França
- Ano: 2016
Resenha por Tiago Faria
Não há como negar: o documentário Fogo no Mar enfoca a crise europeia da imigração por um viés original. Enquanto os noticiários destacam os sacrifícios e a dor dos marginalizados, o diretor italiano Gianfranco Rosi toma um ponto de partida mais sutil. Em cenas silenciosas, lentas, retrata o cotidiano da paradisíaca Ilha de Lampedusa, no sul da Itália. Quase nada acontece nessa minúscula comunidade: as crianças brincam com estilingues em terrenos abandonados, as mães cozinham, os pais pescam… O lugar tornou-se mundialmente conhecido nos últimos vinte anos como porto para centenas de milhares de refugiados da África e do Oriente Médio em busca de um recomeço na Europa. No dia a dia, no entanto, há pouco contato entre as realidades dos moradores e dos estrangeiros ilegais. A ideia oportuna de mostrar o contraste entre esses dois lados da região (um pacato, o outro horripilante) justificou o Urso de Ouro no Festival de Berlim deste ano. Mas a preferência do diretor pela rotina monótona dos moradores, retratados em planos repetitivos, dilui o impacto político do longa e, nos momentos mais tediosos, transforma o negócio num teste de paciência para o espectador. Estreou em 28/4/2016.