Eu, Tonya
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
A patinadora Tonya Harding, hoje com 47 anos, se envolveu num imbróglio criminal em 1994, quando sua maior rival, Nancy Kerrigan, foi ferida no joelho. A imprensa atacou Tonya e seu currículo ficou manchado. Do ponto de vista da protagonista, a história é outra, conforme revela o surpreendente Eu, Tonya, indicado ao Oscar de melhor atriz (Margot Robbie), atriz coadjuvante (Allison Janney) e montagem. Craque dos patins desde criança, Tonya (na fase adulta vivida por uma esfuziante Margot Robbie) era tratada com severidade pela mãe tirana, interpretada pela ótima Allison Janney. De temperamento forte, Tonya não tinha dinheiro nem finesse e não era levada em conta pelos comitês olímpicos. O casamento com o simplório Jeff (Sebastian Stan) a tornou uma vítima da violência doméstica. Os assuntos são sérios, dramáticos, até trágicos. Mas a opção do roteiro é deixar o filme irônico, quase uma tragicomédia de erros nos moldes dos trabalhos dos irmãos Coen. Num registro criativo, que flerta com o falso documentário, o longa-metragem cativa, seja por suas reviravoltas estapafúrdias, seja pelo humor politicamente incorreto. Direção: Craig Gillespie (I, Tonya, EUA, 2017, 120min). 14 anos.