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Flamengo: um ano do título da Copa Libertadores da América

Torcedores lembram histórias do clube carioca: “A final em Lima deveria entrar no Guinness Book como o maior choro coletivo do mundo”

Por Tatiana Barbosa
20 nov 2020, 16h44
Cena de ‘Catarse’, filme de Daniel Brunet sobre a conquista da Taça Libertadores de 2019 (Divulgação/Divulgação)
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Novembro é um mês de comemorações para os torcedores rubro-negros. Neste dia 23, pouco depois de completar 125 anos de fundação, o Flamengo celebra um ano de seu segundo título da Copa Libertadores da América. Catarse é o título do documentário de Daniel Brunet sobre o sentimento de torcedores que acompanharam a vitória no jogo contra o River Plate. O filme será exibido no festival Cinefoot, às 15h, e haverá lançamento também no Maraca Hostel,  na Tijuca, a partir das 16h.

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O produtor cultural Francisco Albertino Moraes, que acompanha o Flamengo há mais de 60 anos e esteve presente em todos os momentos marcantes da história do time carioca nos últimos 60 anos, também expressa a dimensão da conquista: “A final em Lima deveria entrar no Guinness Book como o maior choro coletivo do mundo”.

Moraes foi a Líbia, Iraque, Japão, África do Sul, Bolívia, Uruguai, para onde viajou de ônibus em comitiva para assistir à conquista da primeira Taça Libertadores do clube, em 1981. A decisão de 2019, que seria no Chile, acabou transferida para o Peru, dando mais emoção à empreitada de acompanhar o time. Ainda assim, cerca de 18 mil a 20 mil pessoas foram a Lima.

Sem conseguir definir qual das duas Libertadores foi mais emocionante, Moraes compara: “A primeira coroou a geração Zico, uma geração que nunca mais vai existir. Naquela época o povo brasileiro nem ligava muito para a Libertadores, tanto que só os argentinos e uruguaios ganhavam. Depois que o Flamengo ganhou, virou febre e hoje é sonho de consumo de todos. A segunda Libertadores tem o sabor de curar uma obsessão da torcida do Flamengo, e me orgulho de ter passado essa obsessão para as novas gerações”, diz Moraes, que já viveu tantas histórias marcantes ao lado do clube que criou um site para contá-las, o História de Torcedor, e já lançou dois livros sobre o tema: Raça Rubro Negra Uma Torcida Diferente e História de Torcedor.

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FELIPE GAVINHO
Felipe Gavinho: semanas de angústia e alegria de trocar passagens a tempo de ver a conquista (Acervo pessoal/Divulgação)

Criador da página Gavo na Gávea, Felipe Gavinho lembra as dificuldades que enfrentou para trocar a passagem para assistir ao jogo, que teve seu local alterado menos de um mês antes. Foram 11 dias de tensão e ligações de horas de duração para a companhia aérea. Só conseguiu uma semana antes da final: “Eu acordei e peguei meu celular, apareceu a notificação que tinham alterado meu destino de Santiago para Lima. Quando abri o aplicativo e vi que a troca havia sido feita, nem acreditei. Foi a melhor notificação que eu já recebi na minha vida”.

.Moraes, como é conhecido na torcida do Flamengo, define o seu sentimento pelo clube com intensidade: “Vida. O Flamengo pra mim representa a vida. Me inspira dia a dia a continuar lutando pra continuar vivo para assistir a suas glórias”.

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Meyer Elias Nigri relembra a partida de 2019, que assistiu em casa com seus filhos, Yuri e Natasha. “Nunca tinha experimentado nada igual. Dois gols no final do jogo, uma virada incrível e inesperada por todos. Até hoje lembro da euforia com que comemoramos meio sem acreditar naquilo, Yuri e Natasha se bateram na comemoração, Yuri no chão de lado, Natasha do outro. Euforia a ser eternamente lembrada. Eles vão contar para os filhos – ficou para a história do clube. Não canso de rever os gols e o jogo todo”.

Os torcedores lamentam a distância da arquibancada durante esse período de pandemia. “Ano passado fui a 40 jogos. A maior saudade durante essa quarentena está sendo do Maracanã, que já estava enraizado na minha rotina. Era como se fosse um ritual: toda quarta e domingo pegar uma bicicleta da minha casa até o Maracanã encontrar amigos e assistir aos jogos na arquibancada”, conta Felipe Gavinho. Para Moraes, a ausência nos jogos está sendo “uma segunda morte”.

Esse dia 23 encerra a série de comemorações do rubro-negro carioca, que teve ínicio no dia 28 de outubro, aniversário de São Judas Tadeu e considerado Dia do Flamenguista. Em período de pandemia, a equipe celebrou as datas comemorativas com o lançamento de campanhas nas redes sociais. “Buscamos integrar diferentes áreas, como marketing, comunicação e patrimônio histórico”, diz Vítor Afonso, analista de marketing do programa de sócio-torcedor. No último dia 15, aniversário de 125 anos do Flamengo, foi lançada uma websérie sobre a história do time. O conteúdo está disponível na FlaTV. A pandemia de Covid-19 atrapalhou os planos do clube de levar alguns sócio-torcedores a Lima, local em que a taça foi conquistada, mas eles poderão reassistir à partida no Ninho do Urubu.

* Tatiana Barbosa, estudante da PUC-Rio, sob orientação da professora Itala Maduell e revisão final de VEJA Rio.

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