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Um punk “invade” a Orquestra Petrobras Sinfônica

A instituição alcança novas plateias sob a batuta do diretor executivo Mateus Simões, baixista de banda de rock e DJ nas horas vagas

Por Carol Zappa
Atualizado em 4 fev 2017, 20h34 - Publicado em 4 fev 2017, 20h34
Fã de metal, o carioca de 32 anos ajudou a renovar a instituição com projetos como concertos-surpresa
Fã de metal, o carioca de 32 anos ajudou a renovar a instituição com projetos populares (Anna Fischer)

Postos à venda com quatro meses de antecedência, os 1 600 ingressos se esgotaram em 31 minutos. No dia da apresentação, em dezembro, o público cantou junto, vibrou e aplaudiu. Nada fora do comum, não fosse o fato de se tratar de um concerto erudito. Em tempos de crise, que atinge em cheio a cultura — basta ver a situação de penúria da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), com um rombo de 15,5 milhões de reais e parte da temporada passada cancelada —, a Orquestra Petrobras Sinfônica (Opes), também sediada no Rio, procura driblar os percalços com saídas criativas, inclusive no repertório. Projetos como adaptações dos clássicos infantis A Arca de Noé e Os Saltimbancos, além da gravação de sucessos nacionais de pop, rock e samba, de artistas como Pitty, Titãs e Falamansa, estão nessa lista. O maior acerto, no entanto, é o espetáculo Ventura Sinfônico, releitura do incensado disco da banda Los Hermanos que levou a plateia ao delírio no fim do ano passado e ganha nova edição no sábado (11), na Fundição Progresso, antes de seguir em miniturnê por Porto Alegre e São Paulo. O nome por trás desse movimento allegro, o andamento mais animado adotado por uma orquestra, é Mateus Simões, de 32 anos.

Desde dezembro de 2014 na direção executiva da Opes, que assumiu cinco anos depois de ingressar como gestor de projetos e novas mídias, Simões dialoga com autoridades do mundo erudito, a exemplo do diretor artístico e prestigiado regente Isaac Karabtchesvky, de 82 anos. Fora do expediente, o jovem carioca, formado em produção cultural, toca baixo na banda Phone Trio, de punk rock no estilo californiano, e ataca de DJ: na véspera do concerto na Fundição, vai pilotar os pickups da festa Crush, na boate Fosfobox, mandando para a pista rock dos anos 80 e 90. Com frequência, depois de ouvir música clássica no trabalho ou curtir a Nona Sinfonia de Beethoven, ele submete os tímpanos ao peso thrash metal de grupos como Slayer e Cavalera Conspiracy. Esse espírito eclético já conquistou conjuntos renomados, como a londrina Royal Philharmonic, que levou às partituras canções de Elvis Presley, Queen e Pink Floyd. Na Petrobras Sinfônica, a fórmula inspirou o #ConcertoSecreto, parceria com a cervejaria Jeffrey formada em 2015, que consiste numa série de apresentações-surpresa em espaços urbanos. “Há esse mito em torno da música clássica de que é proibido bater palmas e beber cerveja. Tentamos subverter isso, e deu certo”, diz Simões. Para ele, a maior vitória é a aproximação dos fãs, que interagem pelas redes sociais, fazem pedidos e sugestões. Em dois anos, mesmo com o orçamento apertado, a orquestra teve um aumento de 20% de público, saiu em turnê pelo país, arrisca-se em palcos maiores e já começa 2017 com novos patrocinadores e parceiros. Bravo!

Em parceria com a cervejaria Jeffrey, o #ConcertoSecreto atrai público nas ruas
Em parceria com a cervejaria Jeffrey, o #ConcertoSecreto atrai novo público às ruas (Laís Moss/divulgação)
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