
Autor de sucesso na Europa desde os anos 20, o austríaco Stefan Zweig (1881-1942) permeou sua obra de mensagens pacifistas. Acossado pela realidade, o escritor judeu, depois de um período na Inglaterra, buscou refúgio no Brasil, país que já havia visitado e do qual guardara lembranças inspiradoras. Fugido da opressão nazista, instalou-se com a mulher, Lotte, em Petrópolis, em 1941. Na serra, produziu intensamente: escreveu Jogo de Xadrez, concluiu o relato autobiográfico O Mundo que Eu Vi, revisou textos antigos e iniciou uma biografia de Montaigne. Ali mesmo, cinco meses depois, suicidou-se, junto com a mulher, não sem antes deixar uma serena carta na qual tentou explicar seu ato. Sítio histórico, o endereço abre para o público como Casa Stefan Zweig neste domingo (29).
O novo centro de cultura e memória vem sendo gestado há seis anos, com o apoio dos governos alemão e austríaco, além de entusiastas brasileiros como o jornalista Alberto Dines, biógrafo de Zweig (na foto, ao lado de dois de seus livros). Ao longo desse tempo, foram promovidas as obras necessárias e a composição do acervo ? objetos pessoais, livros, fotos, documentos e filmes, amealhados junto a colecionadores e parentes do homenageado. No local também vai funcionar um memorial dedicado à trajetória de outras personalidades que buscaram no Brasil um refúgio do nazismo, a exemplo do ator e diretor teatral polonês Zbigniew Ziembinski (1908-1978).
Para que não restem dúvidas a respeito das ligações do intelectual austríaco ? amigo de nomes como o poeta Rainer Maria Rilke, o psicanalista Sigmund Freud e o escritor James Joyce ? com o nosso país, vale lembrar que ele é o autor de Brasil, o País do Futuro. Com esse título alçado a slogan da nação, o ensaio foi concluído nos Estados Unidos, e não em Petrópolis, como muita gente boa acha. Por essas e outras, a importância da iniciativa é inequívoca.
Casa Stefan Zweig. Rua Gonçalves Dias, 34, Petrópolis, ☎ (24) 2245-4316. Sexta a domingo, 11h às 17h. Grátis.