Fotógrafo amador Alberto de Sampaio ganha livro e mostra nos Correios
Centro cultural apresenta imagens do Rio antigo clicadas pelo advogado na virada do século passado

A invenção da fotografia, um espanto, angariou entusiastas de primeira hora como o jovem dom Pedro II. Até o fim do século XIX, outros brasileiros viriam a seguir os passos do imperador. Um deles, advogado, usava a câmera como hobby, mas produzia suas imagens com esmero técnico e olhar apurado. Assim, legou para a posteridade um tesouro, guardado por quase 100 anos até ser descoberto por Adriana Martins Pereira. A arquiteta, mestre em memória social e doutora em história social, inspirou-se nas preciosas imagens que encontrou para desenvolver suas teses acadêmicas. Agora, apresenta livro e exposição, batizados com o mesmo nome: Lentes da Memória — A Descoberta da Fotografia de Alberto de Sampaio (1888-1930). A publicação (Editora Bazar do Tempo, 300 págs, R$ 120,00) ganha lançamento no Centro Cultural Correios, onde, a partir de quinta (6), o público vai poder visitar a mostra com 130 fotos, além de raros filmes em 16 milímetros.

O carioca Alberto de Sampaio (1870-1931), ensina Adriana, abraçou a fotografia movido por saudável curiosidade. Em um primeiro momento, realizou registros em negativos de vidro — mais de 3 000 exemplares, doados pela família à Sociedade Petropolitana de Fotografia, foram descobertos por ela em 1999 e deram início à sua longa linha de pesquisa. Ali estão cenas domésticas, flagradas com detalhes de luz e enquadramento acima da média. No começo do século XX, o Rio passa por grandes reformas urbanas e, para a nossa sorte, Alberto de Sampaio ganha as ruas. Até o fim da vida, o fotógrafo diletante dedicou seu tempo livre a experimentos com a câmera — capturou um eclipse solar em 1907 — e a perenizar cenas de uma cidade que já não existe (veja o quadro). “Foi interessante perceber como a trajetória de um homem comum cruza a história do Rio e compreende as transformações tecnológicas da virada do século”, conta Adriana.


