Parque de Ideias, no Centro, comemora 3 anos com programação gratuita

Projeto, que ocupa a Biblioteca Parque desde 2022, traz atrações como show da cantora Céu e monólogos de Nany People e Débora Lamm

Por Kamille Viola
21 Maio 2025, 15h11
Céu
Céu: cantora é atração do Parque de Ideias, na Biblioteca Parque (Vitoria Proença/Divulgação)
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Inaugurado em maio de 2022,  o projeto Parque de Ideias, na Biblioteca Parque, no Centro, celebra três anos de programação gratuita que inclui shows, peças de teatro, bate-papos e oficinas. Criado pelo diretor de cinema e produtor cultural Marcio Debellian, o programa reativou o espaço e vem atraindo pessoas de todos os lugares do estado com a pluralidade de suas atrações.

“Eu gosto da questão da diversidade na curadoria, no sentido de possibilidades, porque eu chamo públicos muito diferentes”, conta Debellian. “Uma peça como Meu Corpo Está Aqui, por exemplo, embora tenha potencial para ser superpopular, atrai um público mais cult. Já Nany People, que se apresenta amanhã, eu acho que já é um outro tipo de pessoa, e eu quero dialogar com quem está andando ali pela Saara”, exemplifica, citando o comércio vizinho à biblioteca.

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Biblioteca Parque: inaugurada em 1874, ela mudou para o endereço atual em 1943 (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Neste mês, os eventos são a peça Meu Corpo Está Aqui, que tem sua última sessão nesta quarta (21); o espetáculo Como Salvar Um Casamento, com Nany People, nesta quinta (22); show da cantora Céu, nesta sexta (23); o monólogo Mata Teu Pai, com Débora Lamm, na próxima segunda (26) e terça (27); o solo E Vocês, Quem São?, com Samuel de Assis, nos dias 28 e 29; e um encontro com a escritora Socorro Acioli, no dia 30.

Debellian explica que não é possível traçar um perfil específico de frequentador, já que eles variam de acordo com o que está sendo oferecido dentro do projeto. “Eu quero que mais gente conheça a biblioteca. E noto que, conforme eu vou alternando tipo de atividade, de peça ou gênero musical, trago um público que não tinha ido ainda”, analisa ele.

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Marcio Debellian: diretor de cinema e produtor cultural é o idealizador do projeto Parque de Ideias (./Divulgação)

Já em relação aos cursos, a linha de formação — que tem opções como técnico de som e atuação para audiovisual — é onde existe mais demanda. “Eu tento entregar cursos que as pessoas realmente estejam querendo muito”, observa. “São formações que, fora dali, são caras, e a gente oferece tudo gratuitamente”.

O criador do projeto conta que, além de reativar a biblioteca, seu objetivo é popularizar o acesso à cultura. “Outro dia, eu estava vendo a entrevista do [escritor francês] Édouard Louis no Roda Viva, e ele cita o [filósofo e escritor francês] Sartre, dizendo: ‘Quando é que o teatro deixou de ser uma coisa em praça pública, para o povo, para todas as classes assistirem e virou símbolo de status?’. A cultura virou isso, mas não deveria ser”, pondera.

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Marcio Debellian também comemora o fato de que o equipamento estadual atraia gente de outros municípios — a localização, próxima à Central do Brasil, facilita, em muitos casos.

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“Nas inscrições dos cursos, nós temos um formulário, para entender de onde a pessoa vem, idade etc. Vem gente de Duque de Caxias, de São Gonçalo, de Teresópolis… A pessoa pode chegar de trem, metrô, ônibus, Uber, táxi. A biblioteca ocupa um lugar central mesmo”, comemora.

A Biblioteca Parque fica na Avenida Presidente Vargas, 1261, Centro. A entrada é gratuita, mas é preciso retirar os ingressos antecipadamente pelo Sympla.

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O início

Foi ao passar em frente à Biblioteca Parque, em 2019, e vê-la fechada, que Debellian teve um estalo. “Eu lembrava da inauguração, em 2014, e de ter pensando: ‘Que espaço incrível!’. E, de repente, eu vi ele fechado”, recorda o criador do Parque de Ideias.

Ele estava justamente indo para uma reunião em uma empresa que ficava próxima à Candelária, então resolveu arriscar. “Eu falei: ‘Vocês têm que ajudar, um equipamento público desses, na mesma rua de vocês… Vamos articular um projeto com programação gratuita'”, conta. Com a pandemia da Covid-19, a estreia precisou ser adiada, acontecendo em 2022.

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“Foi muito bacana, porque, como eu, muitos artistas, professores, as pessoas conheciam o espaço e acharam legal se juntar. Muita gente topou vir logo. A gente recebeu o Gilberto Gil, a Adriana Calcanhotto, o Lenine… As pessoas entendem a importância da biblioteca e topam participar, mesmo com o cachê não sendo tão alto assim”, pontua Debellian.

Passaram por lá 27 shows, doze peças de teatro, dezenas de encontros literários e oficinas de formação. Além disso, as publicações indicadas nos encontros Ilustre Leitor — em que um convidado comenta sobre os dez livros fundamentais em sua formação — foram doadas para a biblioteca.

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O início trouxe desafios, porque o espaço estava realmente abandonado: os gatos do vizinho Campos de Santana estavam morando lá dentro. Com o patrocínio da BAT, via lei de incentivo, e a parceria com a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa — que hoje funciona na Biblioteca Parque —, o projeto revitalizou o local.

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“A gente conseguiu reequipar o espaço, fazer melhorias de estrutura, como a reforma do camarim e a pintura”, lembra Debellian. “Ontem, inauguramos um palco totalmente acessível. Aumentamos a largura e a profundidade do palco, e fizemos uma rampa de acesso nele”, comemora Debellian.

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Nesses três anos, ele destaca momentos como Gilberto Gil indicando dez livros que não poderiam faltar na bibiloteca dele. “Esse dia me emocionou muito, foi muito linda a presença dele”, lembra. Outra participação marcante foi a da escritora Conceição Evaristo, também no Ilustre Leitor. “Ela foi aplaudida de pé por cinco minutos. A chegada dela foi um momento que me deixou muito comovido”.

O fato de o projeto possibilitar que pessoas que nunca haviam ido ao teatro finalmente pudessem assistir a um espetáculo é algo que também sempre sensibiliza o organizador do evento. “Por exemplo, uma senhora que foi pela primeira vez ao teatro para ver Macacos e falou isso ao final da conversa. Naquela idade, e a primeira peça que ela vê é aquela, tão importante. Isso me toca profundamente”, conta Marcio Debellian.

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Espaço histórico

A Biblioteca Parque é um espaço histórico, que completou 150 anos em dezembro. Concebida em 1873, ela foi inaugurada em dezembro de 1874, sob o nome de Biblioteca Municipal do Rio de Janeiro, no anexo do Arquivo da Câmara. Depois disso, chegou a funcionar na escola Orsina da Fonseca e em instalações próprias na mesma rua, na Tijuca, na Zona Norte.

Em 1943, mudou-se para seu atual endereço. Um incêndio destruiu parte do prédio e do acervo em 1984, e, por isso, um novo edifício precisou ser erguido. O prédio atual foi inaugurado em 1987 e fechado novamente em 2008 para reformas, tendo ficado sem funcionar por seis anos. Em março de 2014, ela foi reinaugurada, sob o nome de Biblioteca Parque Estadual.

As Bibliotecas Parque do Rio (foram inauguradas outras, na Rocinha, em Manguinhos e em Niterói) nasceram inspiradas no modelo de Medellín e Bogotá, na Colômbia. São complexos que contam com biblioteca com equipamentos de alta tecnologia que buscam estimular práticas educativas, culturais e sociais dos bairros em seu entorno por meio de atividades gratuitas.

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