Uma relação complicada
Monólogo dramático, Pai, em cartaz até domingo (16) no Espaço Tom Jobim, tem esplêndida atuação de Rita Elmôr
AVALIAÇÃO ✪✪✪
Relações conturbadas entre pais autoritários e filhos oprimidos ocupam a cena desde as tragédias gregas. Partir de premissa tão gasta para chegar a um espetáculo instigante é uma façanha de Pai, monólogo em cartaz no Galpão do Espaço Tom Jobim. Montado pela primeira vez em 1999, com Beth Coelho no palco, o texto de Cristina Mutarelli agora cabe a Rita Elmôr. Sob a direção de Bruce Gomlevsky, ela interpreta Alzira, filha de um pai tirano e ausente. Evocando o livro Carta ao Pai, de Franz Kafka, as falas da personagem são um catártico acerto de contas com aquela figura que tanto mal lhe fez ? ou de Alzira com ela mesma. Sem a presença física do pai em cena, paira uma interessante ambiguidade, na qual realidade e ficção parecem se misturar. O tom algo expressionista da encenação, se por vezes parece competir com a força do texto, também é prato cheio para uma atriz de recursos como Rita Elmôr, em atuação vigorosa. Atenção para o cenário de Nello Marrese e Natália Lana, em que objetos de cena vão sendo desenterrados, como memórias vindo à tona.
Espaço Tom Jobim ? Galpão (120 lugares). Rua Jardim Botânico, 1008, Jardim Botânico, ☎ 2274-7012. Sexta, 21h; sábado, 19h e 21h30; domingo, 20h. R$ 30,00. Bilheteria: a partir das 15h (sex. a dom.). IC. Estac. grátis. Até domingo (16).