Como será a nova minissérie da Netflix inspirada na Chacina da Candelária
Produção dirigida por Luis Lomenha e Marcia Faria foi anunciada durante um painel do evento Rio2C, na Cidade das Artes, e terá gravações iniciadas neste ano
Tragédia que marcou a história do Rio de Janeiro, a “Chacina da Candelária” será tema de um novo projeto de ficção produzido pela Netflix. Sem título ainda definido, a produção foi anunciada na tarde desta quarta (27) durante o Rio2C, evento de criatividade e inovação realizado até 1º de maio na Cidade das Artes, na Barra. Participaram do painel “Fantasia, Ficção e Fatos Reais: desenvolvendo narrativas locais com Netflix” Luis Lomenha, cineasta e showrunner, Elisabetta Zenatti, vice-presidente de Conteúdo da Netflix no Brasil, Ana Luiza Azevedo, cineasta e diretora da série Só Se For Por Amor, e Rodrigo Sant’Anna, ator e roteirista da nova sitcom A Sogra Que Te Pariu.
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Com direção de Lomenha e Marcia Faria, os episódios vão acompanhar as 36 horas que antecedem o ocorrido pelo ponto de vista de quatro crianças, cujas vidas se cruzam nas ruas do Rio. Oriundos de lares desestruturados, os jovens encontrarão por meio da companhia um do outro uma forma de viver aventuras e até mesmo alcançar seus sonhos futuros – planos que serão interrompidos por uma chacina de repercussão global.
“O que elas poderiam ter sido ou vivido se tivessem sido acolhidas e/ou tivessem tido outras oportunidades?”, é o questionamento que norteia a nova produção. “A infância é sinônimo de esperança. É o hoje, o amanhã e o depois. Uma sociedade que se silencia diante da morte de crianças pretas é um agrupamento de desumanos, um sodalício que precisa de um novo começo”, afirma Lomenha.
Com quatro episódios, a minissérie promete unir realismo, fantasia e afrofuturismo – movimento estético e cultural que retrata questões da população negra -, na narração destas trajetórias, que correspondem à vida de outras pessoas que estão em situação em rua no país. Para desenvolver o roteiro, que cruzará cenas de ação, elementos oníricos e da realidade, os roteiristas Renata Di Carmo, João Santos, Luh Maza, Dodo Azevedo e Igor Verde ouviram relatos de pessoas que vivenciaram a tragédia.
Outro destaque da minissérie será a atuação de jovens negros que ainda não estão no mercado do audiovisual. Os protagonistas foram selecionados após cinco meses de parceria com diversos grupos artísticos da periferia carioca. Haverá também participações em cada episódio de outros atores renomados da cena brasileira, ainda não revelados. As gravações terão início em 2022.
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Chacina da Candelária
O crime que chocou o país ocorreu na madrugada de 23 de julho de 1993, próximo à Igreja da Candelária, no Centro, quando um grupo de policiais atirou contra cerca de setenta pessoas, principalmente crianças e adolescentes, que dormiam nos arredores do tempo. Oito menores de idade entre 10 e 17 anos morreram. A ação brutal ganhou repercussão internacional e é relembrada como um dos piores crimes cometidos contra os Direitos Humanos e o Estatuto da Criança e do Adolescente.