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Não venceu, mas arrasou

A lembrança de alguns momentos mágicos e de desfiles que se tornaram históricos, apesar de não terem conquistado o título oficial

Por Lula Branco Martins
Atualizado em 5 jun 2017, 14h39 - Publicado em 13 fev 2012, 18h51

Desfile de escola de samba é um evento cheio de regras, no qual um corpo de quarenta julgadores (número que varia anualmente) tem a responsabilidade de escolher, através de suas notas, uma campeã, só uma, a cada ano. Como os critérios são voláteis, nem sempre a escola mais surpreendente, mais luxuosa ou alegre é a que acaba vencendo a disputa. Muitos desfiles, hoje lembrados com alegria e saudade, no fim das contas não se tornaram campeões do Carnaval. Talvez o exemplo mais recorrente seja a Beija-Flor de 1989, um marco sempre tido como histórico, no qual o carnavalesco Joãosinho Trinta misturou riqueza e pobreza numa mesma alegoria, trazendo fantasias luxuosas cercadas por alas inteiras trajadas como mendigos – e esse, veja só, foi o mesmo desfile em que a imagem do Cristo Redentor passou no Sambódromo escondida (na verdade, censurada) sob plásticos pretos. Mas, no fim, a escola de Nilópolis ficou apenas com o segundo lugar. Alguém lembra quem ganhou naquele ano? Foi a Imperatriz, menos pelo desfile, mais pela força do samba, que era bonito mesmo. ?Liberdade, liberdade / abre as asas sobre nós / e que a voz da igualdade / seja sempre a nossa voz?, dizia o refrão.Outro momento marcante da avenida que não resultou em título foi a passagem de um carro alegórico diferente, com aspecto inusitado: seu visual era formado por gente, e não por bonecos de fibra de vidro, espelhos, espumas ou plásticos. Em 2004, a alegoria que representava o DNA começou a fazer de Paulo Barros uma revelação entre os artistas que atualmente pensam, repensam e produzem a festa carnavalesca. Estava deflagrada ali a moda dos carros humanos. A Unidos da Tijuca acabou sendo vice-campeã naquele Carnaval, perdendo por um ponto para a poderosa Beija-Flor.

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E o que falar do dublê americano, aquele que, tal como um astronauta, com equipamentos da Nasa, voou na avenida em 2001, pela Grande Rio? Ele foi a imagem mais divulgada daquele ano (rendeu primeira página em todos os jornais), mas a escola de Caxias amargou apenas uma sexta colocação. A lista de outros exemplos de momentos impactantes que não geraram título parece não ter fim. Como a comissão de frente da Mangueira em 1999, com Cartola, Nelson Cavaquinho e outros dez baluartes redivivos pela mágica da maquiagem. Como os desfiles baratos, antológicos, da União da Ilha nos anos 70, baseados em muito isopor, boias e alegria, sob o comando da carnavalesca Maria Augusta. Como o Império Serrano em 1996, com o sociólogo Betinho numa de suas alegorias sendo aplaudido de pé a cada 20 metros de pista. Como um improvável Silvio Santos em plena Praça da Apoteose, dando tchauzinho aos fãs, no desfile da Tradição em 2001. Como, enfim, Tupinicópolis, enredo que marcou o ápice do delírio criativo de Fernando Pinto (uma espécie de Paulo Barros de sua época), na Mocidade, em 1987 ? que não levou o título, mas ficou na lembrança dos aficionados do Carnaval.

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A festa é linda, realmente. E, a cada ano, melhor. Mas quem disse que o maior espetáculo da Terra é sempre justo? A conferir em 2012.

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