Epopeia no palco
Com cinco horas, o novo espetáculo da Sutil Companhia de Teatro esbarra na própria ousadia
AVALIAÇÃO ✪✪
Um homem a quem chamam de Estevão ? seu nome real não é pronunciado em instante algum ? recebe um diagnóstico macabro: está na fase terminal de uma doença nova, que não é sequer nomeada e não tem causa conhecida. A saga do personagem em busca da cura é o mote de O Livro de Itens do Paciente Estevão, peça da Sutil Companhia de Teatro, em cartaz no Espaço Sesc. Dirigido por Felipe Hirsch e criado coletivamente pela trupe, a partir do romance O Paciente Steve, de Sam Lipsyte, o ambicioso texto é desenvolvido no palco ao longo de cinco horas, com um intervalo.
Mais contido, o primeiro ato mostra Estevão (Leonardo Medeiros, o único no afiado elenco de oito integrantes a viver um só personagem) às voltas com o que ele supõe ser um centro de recuperação, liderado pelo insano Henrique (Guilherme Weber, excelente). A longa duração se faz sentir na segunda parte, quando a narrativa é esticada por cacoetes de teatro contemporâneo ? atores iluminando a cena ou antecipando falas de personagens, por exemplo. A essa altura, o texto, até então centrado na condição inevitável da morte, perde um tanto do foco. Na cenografia, do diretor e de Daniela Thomas, objetos de cenas distintas presentes no mesmo espaço também refletem a arriscada ousadia da montagem: provocam impacto, mas não atenuam os momentos de confusão.
O Livro de Itens do Paciente Estevão (280min, com intervalo). 18 anos. Estreou em 12/7/2012. Espaço Sesc ? Teatro de Arena (242 lugares). Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, 2548-1088. Quinta a sábado, 19h; domingo, 17h. R$ 20,00. Bilheteria: a partir das 15h (qui. a dom.). Até domingo (5).