Livro conta a história do esporte no Rio de Janeiro
A publicação promove uma verdadeira viagem ao passado e lembra da origem de modalidades como o turfe, o futebol, o remo e a vela
![Tourada Portuguesa O esporte ficou praticamente esquecido na história por ser politicamente incorreto, assim como as brigas de galo. No início do século passado a cidade chegou a ter nove arenas para tourada. A diferença da versão lusa em relação à espanhola é que por aqui não se matava o touro. Tourada Portuguesa O esporte ficou praticamente esquecido na história por ser politicamente incorreto, assim como as brigas de galo. No início do século passado a cidade chegou a ter nove arenas para tourada. A diferença da versão lusa em relação à espanhola é que por aqui não se matava o touro.](https://vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/576_acervo-biblioteca-nacional-divulgacao.jpeg?quality=70&strip=info&w=800&w=636)
![O mergulhador arrisca o salto em uma piscina náutica do Clube de Regatas São Cristóvão (acima). Em 1911, as mulheres já brigavam por espaço nas competições, como na disputa de remo (no alto, à dir.). A foto à direita registra uma regata em 1907, com a participação de atletas do Iate Clube Brasileiro. O mergulhador arrisca o salto em uma piscina náutica do Clube de Regatas São Cristóvão (acima). Em 1911, as mulheres já brigavam por espaço nas competições, como na disputa de remo (no alto, à dir.). A foto à direita registra uma regata em 1907, com a participação de atletas do Iate Clube Brasileiro.](https://vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/577_revista-caretas-acervo-biblioteca-nacional-divulgacao.jpeg?quality=70&strip=info&w=800&w=636)
![Prática inovadora, o críquete chegou ao país no Império. Em 1865, as primeiras partidas eram disputadas no Campo de Santana. Já os clubes se desenvolveram em São Cristóvão, como mostra esta foto de 1913, mas a modalidade não empolgou os cariocas. Prática inovadora, o críquete chegou ao país no Império. Em 1865, as primeiras partidas eram disputadas no Campo de Santana. Já os clubes se desenvolveram em São Cristóvão, como mostra esta foto de 1913, mas a modalidade não empolgou os cariocas.](https://vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/578_revista-caretas-acervo-biblioteca-nacional-divulgacao-2.jpeg?quality=70&strip=info&w=445&w=636)
![Trazido para o país pelos ingleses, o futebol logo ganhou o coração dos cariocas, especialmente depois dos primeiros campeonatos disputados entre as equipes dos clubes da cidade. Nesta partida, em 1925, no campo de General Severiano, o Botafogo se apresenta em dia de casa cheia. Trazido para o país pelos ingleses, o futebol logo ganhou o coração dos cariocas, especialmente depois dos primeiros campeonatos disputados entre as equipes dos clubes da cidade. Nesta partida, em 1925, no campo de General Severiano, o Botafogo se apresenta em dia de casa cheia.](https://vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/579_revista-caretas-acervo-biblioteca-nacional-divulgacao-3.jpeg?quality=70&strip=info&w=800&w=636)
![Os clubes de ciclistas se espalharam por toda a cidade a partir de 1875. Este registro de 1924 mostra o grupo do Club Internacional de Cyclistas. O hábito de pedalar se tornou muito comum na área central, e o Campo de Santana chegou a ser transformado em local de competição. Os clubes de ciclistas se espalharam por toda a cidade a partir de 1875. Este registro de 1924 mostra o grupo do Club Internacional de Cyclistas. O hábito de pedalar se tornou muito comum na área central, e o Campo de Santana chegou a ser transformado em local de competição.](https://vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/580_revista-caretas-acervo-biblioteca-nacional-divulgacao-4.jpeg?quality=70&strip=info&w=636&w=636)
![O antigo Jardim Zoológico, em Vila Isabel, também atraía esportistas, como revela este corredor flagrado em 1914. Por lá também eram realizadas corridas de velocípede e partidas de futebol. O antigo Jardim Zoológico, em Vila Isabel, também atraía esportistas, como revela este corredor flagrado em 1914. Por lá também eram realizadas corridas de velocípede e partidas de futebol.](https://vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/581_revista-caretas-acervo-biblioteca-nacional-divulgacao-5.jpeg?quality=70&strip=info&w=800&w=636)
No início do século XIX, para matar a saudade de casa, ingleses radicados em terra carioca costumavam promover corridas de cavalo nas areias da Praia de Botafogo. Esse foi o mais antigo registro de competições esportivas realizadas na cidade encontrado por Victor Melo, professor da UFRJ e autor do recém-lançado Rio Esportivo (Casa da Palavra; 208 páginas; 79,90 reais). No livro, fartamente ilustrado, ele revela, por meio de episódios como o dos cavaleiros ingleses, que a cidade-sede dos Jogos de 2016 tem uma antiga, fértil e intensa relação com o mundo do desporto. “O que fica claro é que o esporte é determinante na formação da identidade do carioca ainda hoje, como se nota em sua relação com o corpo e a paisagem”, diz Melo, que também é membro da pós-graduação em história comparada no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) e da Escola de Educação Física e Desportos. Do hipismo à beira-mar às práticas praianas mais comuns nos dias de hoje, muitos cantos do Rio serviram de cenário para as mais variadas atividades.
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A leitura de Rio Esportivo deixa claro que a geografia da cidade é um convite à realização de exercícios. Quando o hábito do banho de mar começou a se difundir, por exemplo, aulas de natação passaram a ser oferecidas na Baía de Guanabara. Os praticantes eram levados em uma barca até o meio do mar para dar suas braçadas. “Sem a baía, o esporte por aqui não teria sido o mesmo. O mar foi fundamental, especialmente nas praias do Centro”, conta Victor Melo. Hoje tão badaladas, as bicicletas começaram a circular pelo Rio em 1875 — a chegada dos primeiros modelos causou verdadeiro alvoroço e logo se formaram clubes de ciclismo. O livro resgata costumes extintos por aqui, como as touradas, a chegada dos primeiros jogos com bola, a exemplo do futebol, uma invenção inglesa, e curiosidades hoje esquecidas. Uma história extravagante aconteceu na década de 20 do século passado, no elegante Gávea Golf Club. Na falta de um animal apropriado para praticar a caça à raposa, associados escalaram um funcionário do clube para o papel. Mais politicamente incorreto, impossível.
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Algumas áreas do Rio mantêm a vocação esportiva, não importa a modalidade que abriguem. “O local onde foi construído o Maracanã antes sediava o Derby Club, o mais importante palco de corridas de cavalo no Rio até então”, lembra o autor. A expansão dos bairros da Zona Sul no início do século provocou a alteração dos costumes e, consequentemente, do perfil das atividades. Na década de 60, surgiram o surfe e, posteriormente, o voo livre. De forma geral, o esporte passou por um processo de profissionalização e o comportamento dos praticantes mudou. A realização dos Jogos de 2016 traz a promessa da criação de espaços para a formação de talentos. O Parque Olímpico, na Barra, por exemplo, deixará cinco enormes ginásios, na área onde se encontrava o Autódromo de Jacarepaguá. “A experiência do Pan-Americano, em 2007, mostrou que poucas estruturas foram usadas depois. Temo que as novas instalações não venham a cumprir seu papel, mas, é claro, torço pelo contrário”, conta Melo. Discussões sobre o legado são importantes, e pelo menos um ponto não deixa margem a dúvidas: a partir de 5 de agosto, quando 10 000 atletas espalhados pela cidade iniciarem a disputa do topo do pódio em 42 modalidades, um novo e grandioso capítulo dessa longa história de amor entre o Rio e o esporte começará a ser escrito.