Três perguntas para João Gordo
Com os Ratos de Porão, o roqueiro paulistano volta ao Circo Voador, palco que fechou as portas após uma apresentação da banda em 1996

A idade também chega para os punks? Temos essa base anárquica porque viemos disso, mas hoje tenho 50 anos e sou um tiozinho, pai de família. Pago impostos, não posso mais ficar batendo martelo em ideologias adolescentes. Temos de usar o sistema em benefício próprio. Os Sex Pistols já diziam isso.
O show marca os trinta anos do disco de estreia da banda, Crucificados pelo Sistema. A música ainda é o seu principal ganha-pão? Estou fora da TV há uns meses, mas, por incrível que pareça, estou conseguindo viver dessa reunião do Ratos. Mas tudo que eu sou hoje em dia, fora a banda, foi graças à MTV. A televisão me deu uma ridicularizada, me colocou esse status de celebridade que eu nem curto muito, mas eu entrei nessa na época porque estava precisando.
O que você lembra daquele histórico episódio envolvendo o prefeito recém-eleito Luiz Paulo Conde, em 1996, que levou ao fechamento do Circo? Estava me preparando para o show quando percebi que o Circo foi invadido por uma banda de fanfarra. Não tinha ideia do que se tratava. Comecei a gritar com os caras e uns garotos punks entraram na minha e começaram a jogar coisas. Quando acordei no dia seguinte, li no jornal que havia expulsado a comissão do prefeito eleito. Saí como herói para uns e como vilão para outros.