Épico em ritmo de gibi
As tiradas divertidas do fortão Dwayne Johnson não livram o roteiro da superprodução Hércules do piloto automático
Avaliação ✪✪
O semideus da mitologia grega, filho de Zeus e da rainha Alcmena, tem sido maltratado pelo cinema americano em 2014. Depois do pavoroso épico de ação lançado em fevereiro, com o inexpressivo Kellan Lutz no papel principal, este novo Hércules transforma o personagem em um super-herói perdido numa trama quase sempre no piloto automático. Há avanços, no entanto. O jeitão bem-humorado do protagonista Dwayne Johnson cai bem, por exemplo. Inspirado numa história em quadrinhos, o roteiro tenta equilibrar o lado conhecido do mito – há um resumo veloz de seus doze trabalhos na abertura – e hipóteses mais realistas sobre sua característica, digamos, humana. Se ganha pontos pela agilidade, a narrativa deixa a desejar no enredo chinfrim: aliado a um grupo de mercenários, o fortão vai à luta para pôr freio nos planos de dominação de um rei sem escrúpulos (interpretado por John Hurt). Até lá, muitas cabeças de figurantes digitais rolarão, com o objetivo, tudo indica, de exibir o maior número possível de efeitos em 3D. O Hércules anabolizado poderia ter rendido uma fusão vibrante entre HQ e cinema, à la 300 e Sin City. Mas, sem ânimo para levar a brincadeira pop às últimas consequências, o diretor Brett Ratner (da cinessérie A Hora do Rush) decepciona ao se contentar com o meio-campo entre a tradição e a ousadia. Direção: Brett Ratner (Hercules, EUA, 2014, 98min.) 12 anos. Estreou em 4/9/2014.