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Batalha em tom de fábula

A nova adaptação francesa de A Guerra dos Botões comprova o vigor do clássico da literatura

Por Tiago Faria
Atualizado em 5 dez 2016, 15h30 - Publicado em 6 jul 2012, 19h17

Não há melhor termômetro que o cinema para medir a vitalidade do livro A Guerra dos Botões. Publicado em 1912, o romance de Louis Pergaud (1882-1915) ganhou cinco adaptações para a tela. A mais popular, de 1962, é um dos maiores sucessos de bilheteria da França. Só em setembro do ano passado, duas versões estrearam nas salas daquele país. A coincidência de datas rendeu até alguma polêmica na imprensa por causa da competição nervosa entre os diretores Yann Samuell (de A Guerra dos Botões, lançado nesta semana no Rio) e Christophe Barratier (de A Nova Guerra dos Botões inédito no Brasil), que se apressaram para concluir as fitas. O apelo do texto original, percebe-se, saiu ileso da disputa.

A história inventada por Pergaud mostra os combates de mentirinha de dois grupos de crianças, moradoras de vilas inimigas. Para o autor, morto na I Guerra, a ideia servia como uma metáfora para os absurdos do militarismo um tema, por si só, resistente ao tempo. Equipados com espadas de madeira, os meninos de Longeverne e de Velrans brigam sem saber exatamente o motivo, imitando cruelmente o comportamento dos adultos que, no longa-metragem de Yann Samuell, estão lutando na Guerra da Argélia. O vigor do enredo pode ser creditado à franqueza com que o autor observa o universo infantil: com ternura, mas sem ingenuidade. Diretor de comédias românticas como Amor ou Consequência (2003), Samuell adapta essa mensagem pacifista num formato brando, acessível a toda a família.

No filme de 1962, assinado por Yves Robert, a violência doméstica aparecia com mais agressividade. Aqui, opta-se por cores mais suaves, numa atmosfera de cartum retrô semelhante à do bem-sucedido O Pequeno Nicolau (2009). O enredo, transferido do fim do século XIX para os anos 60, deixa o confronto mirim em segundo plano e dá mais enfoque aos dramas do líder de Longeverne, o adolescente miserável William Lebrac (o talentoso Vincent Bres). Alterações que, apesar de aguar o original de Pergaud, conservam a potência de uma fábula ainda incômoda, mesmo em doses açucaradas.

A Guerra dos Botões (La Guerre des Boutons, França, 2011, 105min). De Yann Samuell. 12 anos. Estreou em 6/7/2012. Espaço Itaú de Cinema 5, Estação Sesc Barra Point 2, Estação Vivo Gávea 3.

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