Escola de teatro Martins Pena enfrenta crise

Gratuita e uma das mais antigas da América Latina, instituição sofre com a falta de fucnionários e professores

Por Agência Brasil
Atualizado em 5 dez 2016, 12h00 - Publicado em 11 ago 2015, 14h03
teatro martins pena
teatro martins pena (Salvador Scofano/Divulgação Governo do Rio de Janeiro/)
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No ano do bicentenário do dramaturgo e percursor da comédia no teatro brasileiro, Martins Pena, a escola que leva o seu nome, no Rio de Janeiro, gratuita e uma das mais antigas da América Latina, enfrenta uma crise. No local onde se formaram Denise Fraga, Joana Fomm e, mais recentemente, o dramaturgo-revelação Jô Bilac, faltam professores, funcionários e as instalações estão com problemas de infraestrutura, que ameaçam quem circula pelo local.

Nem as atividades de comemoração dos 100 anos entusiasmaram turmas que voltaram às aulas na última semana. Sem professores, muitos correm o risco de se juntar àqueles que deveriam ter se formado em julho, mas não puderam por falta de professores. “Eu sou uma delas”, disse Rebecca Leão, ex-integrante do Grêmio Estudantil, que não conseguiu cursar aulas de voz.

Segundo a estudante, todos os contratos com os professores dessa cadeira venceram e não foram renovados. Sem o diploma, ela diz que não é possível obter a licença para trabalhar. “Quem se forma na escola, obviamente consegue o registro. Quem não tem diploma, precisa provar que tem larga experiência profissional e pagar uma taxa de R$ 300”, informou.

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Técnico de iluminação da Martins Pena, Leopoldo Barbato diz que além da falta de professores para dar aulas de Iluminação e figurino, trabalhar na Martins Pena é correr risco de morte. “A parte estrutural do prédio está bem degradada, principalmente o casarão”, disse. “São paredes rachadas, janela caindo, madeira [de pilastras e móveis] com cupim, a parte elétrica com problema, enfim, há risco de acidentes que podem ser até fatais”, acrescentou.

Para chamar a atenção, em maio a comunidade escolar fez uma série de manifestações. Na ocasião, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio anunciou a criação de um grupo de trabalho, incluindo as secretarias estaduais de Educação e Cultura. No entanto, quase três meses depois, a própria escola não indicou representantes para o grupo, que não começou a trabalhar.

“A escola precisa participar para a gente saber o que precisa fazer e, depois, poder cobrar o que foi pactuado”, diz o deputado Zaqueu Teixeira (PT), presidente da Comissão de Cultura.

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Vinculada à a Fundação de Apoio à Escola Técnica e à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, a Escola Martins Pena passou agora por uma troca de diretores. Saiu Roberto Lima, que fica como professor, substituído na direção por Marcelo Reis. A Agência Brasil solicitou uma entrevista com o gestor, mas não foi atendida.

Quem acompanha a cena teatral no país lamenta a situação. O premiado dramaturgo Jô Bilac — laureado com um Prêmio Shell, um dos mais importante do país – ex-aluno da Martins Pena, disse que a escola foi um divisor de águas em sua carreira. “Tinha o desejo muito grande pela escrita, descobri o teatro, mas não sabia onde poderia aprender dramaturgia”, afirmou ele, que pode desenvolver suas habilidades na escola de teatro, sob várias perspectivas.

“A Martins pena é fundamental, além de ser de graça, ela fomenta a arte com os alunos, forma o artivista (artista + ativista), que tem a chance de conviver com grandes profissionais da cena e promotores do teatro pelo Brasil, como professores. Não adianta ter só uma cidade cheia de salas de teatro e não investir em quem vai ocupar esses espaços”, acrescentou Bilac.

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