Empresa recupera vilas olímpicas da prefeitura
Entre as melhorias, às vésperas dos Jogos, estão revitalização das instalações, investimento em treinamento de professores e doação de material esportivo
Grandes eventos funcionam como um promissor chamariz para que empresas elaborem campanhas de marketing mirabolantes. Nesse sentido, a nova estratégia da fabricante de material esportivo Nike veio para marcar um golaço e, de quebra, deixar um legado para a cidade. A empresa americana uniu-se à prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (Smel), a fim de promover melhorias nas 22 vilas olímpicas espalhadas pela cidade. A primeira já será apresentada ao público na próxima quarta (6) e fica no Encantado. Instalada na Zona Norte, bem debaixo da Linha Amarela, ela vai ressurgir totalmente repaginada. As intervenções abarcam desde a construção de novas instalações, como quadra de volêi de praia, sala de dança e bicicletário, até obras de revitalização de áreas como a quadra poliesportiva, agora com traves, tabelas e alambrados novos. “O objetivo é transformar o esporte em uma experiência positiva tanto para os usuários do local quanto para os profissionais que vão trabalhar ali”, diz Alice Gismonti, diretora de impacto comunitário da empresa no Brasil.
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Esse processo de retrofit nas Vilas Olímpicas, no entanto, é apenas uma das iniciativas compreendidas na parceria entre a prefeitura e a Nike, em uma colaboração prevista para durar cinco anos. Durante esse tempo, serão distribuídos por ano 18 000 itens de material esportivo e 1 200 kits de uniformes completos para os professores. Funcionários da marca também vão trabalhar como voluntários e a empresa investe ainda no treinamento de cerca de 600 instrutores que atuarão nessas vilas. Com isso, o programa pretende dobrar para 50 000 o número de crianças atendidas. Para atingir a ambiciosa meta, uma série de medidas vem sendo implementada. Além dos cuidados tomados com a parte estrutural, estão sendo levadas em consideração as orientações apontadas pela Designed to Move, uma conceituada plataforma que compila estudos tanto na área da saúde quanto na do esporte e traça um retrato do impacto do sedentarismo no mundo. Com base em análises de projetos esportivos bem-sucedidos em diversos países, chegou-se a sete diretrizes fundamentais para envolver os pequenos nas atividades. Há desde vias de inclusão e adequação de modalidades ideais à idade até ferramentas de motivação. “Ao melhorar a programação das atividades e a experiência com o esporte desde a infância, estamos investindo na formação de adultos mais ativos, e na quebra do ciclo da falta de atividade física”, pontua Alice.
Iniciado na década de 80, o projeto social e esportivo de vilas olímpicas nasceu com a criação da unidade da Mangueira, em 1987. À época com recursos da escola de samba e patrocínios privados, tinha o intuito de ocupar o tempo ocioso dos jovens e ajudá-los na conquista da autoestima, no acesso gratuito à informação e ao lazer e na inclusão por meio do esporte. O programa cresceu e ganhou impulso na década de 90 e nos anos 2000 sob a coordenação da Smel, totalizando 22 complexos esportivos. No ano passado, entretanto, algumas tornaram‑se notícia, ao ter as atividades suspensas por falta de manutenção e atrasos no pagamento de funcionários. “Com o orçamento apertado e a burocracia de renovação de contratos, é claro que há dificuldades em mantê-las, mas estamos trabalhando duro para que isso não aconteça mais”, afirma o subsecretário municipal de esporte e lazer, Marcello Barbosa. “A parceria com a Nike viabiliza uma série de possibilidades e otimiza os serviços. Trata-se, portanto, de um passo muito largo para nós”, reforça. E, sem dúvida, de um presente para a cidade também.