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Denise Fraga fala sobre Chorinho, sua nova peça

Atriz estreia um dos últimos textos do autor e diretor Fauzi Arap, morto em dezembro passado

Por Rafael Teixeira
Atualizado em 5 dez 2016, 12h36 - Publicado em 1 nov 2014, 00h00
Denise Fraga
Denise Fraga (Willy Biodani/Divulgação/)
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Na peça, você vive uma mendiga, papel que foi de um homem na montagem original, de 2007. O que isso muda no espetáculo?

A história é sobre a amizade que vai se desenvolvendo entre uma mulher aposentada e essa mendiga, a partir de conversas em uma praça que as duas frequentam. O texto fala de preconceitos velados, relações de poder, solidão, dificuldades de comunicação, relações interpessoais. Mas o Fauzi apresenta essas questões a partir de ambos os personagens, não é maniqueísta. Então, com um mendigo homem, já havia esse jogo de reflexos, a ideia de que todos somos iguais, de certa forma. Sendo a personagem mulher, acho que esse espelhamento fica mais completo.

Quando você embarcou no projeto, Fauzi Arap já havia recebido o diagnóstico do câncer que acabaria levando-o à morte. Como foi a participação dele como diretor?

O Fauzi já estava um pouco recluso mesmo antes de saber da doença. Quando ele disse que se animaria a dirigir caso a montagem saísse do papel, levamos um susto, porque ele falava que não queria mais trabalhar com isso. Mas foi uma felicidade imensa, e ele foi muito presente, junto com o outro diretor, Marcos Loureiro. Houve um momento em que a gente achou que ele havia melhorado, mas o câncer tinha voltado e o Fauzi não falou para ninguém. Foi um choque quando soube da morte.

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Recentemente, você se envolveu em uma polêmica alheia ao teatro, por criticar, em um artigo, o ensino de química nas escolas. Arrependeu-se?

Eu dizia que o currículo escolar deveria ser reavaliado como um todo e citava a química como exemplo. Mas isso fez o sangue dos químicos ferver. Recebi mensagens me mostrando quanto essa ciência é importante. É claro que eu seidisso, a química é linda. Peço desculpas a quem tenha se sentido ofendido, mas meus argumentos são aqueles. Não tive a intenção de desprezar uma classe de profissionais. Acho que a repercussão foi fruto de uma leitura dinâmica que fizeram.

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