Pobre menina rica
Coisas que a Gente Não Vê fala sobre carência nas relações entre pais e filhos

Em que pese seu direcionamento para uma plateia infantil, o tema de Coisas que a Gente Não Vê não é exatamente leve. No texto de Renata Mizrahi, autora do premiado Joaquim e as Estrelas, o assunto em pauta é a relação entre disponibilidade de tempo e afeto no contexto familiar, mostrando como a compensação material para suprir a solidão infantil interfere na vida de pais e filhos. Depois de uma temporada no Espaço Sesc, em Copacabana, o sensível espetáculo, que tem direção de Joana Lebreiro, migra para o Solar de Botafogo a partir de sábado (3).
A protagonista da história é Yasmim (Débora Lamm), uma menina que vive eternamente insatisfeita, mesmo que não haja motivo aparente para tal: seu quarto, cenário em que a trama se desenvolve, é repleto de brinquedos, e suas vontades são prontamente atendidas por sua mãe (Susanna Kruger a partir da nova temporada, substituindo Kelzy Ecard) e seu pai (Alexandre Mofati). Motivos aparentemente banais, porém, como um simples mosquito no quarto, a fazem abrir o berreiro. Trata-se, na verdade, de um recurso inconsciente da garota para chamar a atenção da família para o seu isolamento. Seus amigos, Beatriz (brilhantemente interpretada por Elisa Pinheiro), menina rica e mimada, e Raimundo (Anderson Cunha), garoto simples e cheio de vida, vão ajudá-la a entender o que se passa com ela. Escritos em rima, os diálogos exercem igual impacto sobre os pequenos, que podem refletir sobre suas reais necessidades, e os pais, que entendem perfeitamente o recado da autora.
Coisas que a Gente Não Vê (55min). Rec. a partir de 5 anos. Solar de Botafogo (180 lugares). Rua General Polidoro, 180, Botafogo, ☎ 2543-5411. Sábado, 17h; domingo, 16h. R$ 40,00. Bilheteria: a partir das 15h (sáb. e dom.). IC. Reestreia prometida para 3/11/2012. Até 16 de dezembro.