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Em meio à crise, clubes de futebol buscam novas fontes de renda

Dirigentes suam a camisa para equilibrar as contas e fugir do vermelho em tempos de crise

Por Bernardo Besouchet
Atualizado em 8 abr 2017, 07h00 - Publicado em 8 abr 2017, 07h00

No futebol, o ano começou animado para as torcidas do Rio. Flamengo e Botafogo estão na briga pela Taça Libertadores, o principal torneio da América do Sul, enquanto jogadores do Fluminense carimbam o passaporte na Copa Sul-Americana. Todos garantiram vaga nas semifinais do campeonato carioca, junto com o Vasco, que, de volta à primeira divisão do Campeonato Brasileiro, luta para recuperar a autoestima. Fora de campo, a disputa é outra: dirigentes suam a camisa para equilibrar as contas e fugir do vermelho. Historicamente, quando o assunto é dinheiro, a tática dos cartolas é a da pelada, meio bagunçada. Diante dos altos valores envolvidos nesse mercado, há bastante gente interessada em sair jogando de forma mais organizada. Voltado para esse público, um levantamento do Itaú BBA, braço corporativo e de investimentos do conglomerado Itaú Unibanco, avalia a saúde financeira (e o potencial) dos principais clubes brasileiros. Recém-lançado, o relatório referente a 2016 examinou doze agremiações, o quarteto carioca incluído, e traz algumas boas notícias.

Trata-se, o documento deixa claro, de uma projeção feita a partir de balanços intermediários e informações da imprensa. É sujeita, portanto, a mudanças de rumo, mas busca orientar os negócios na temporada seguinte — no caso, a de 2017. Somado, o faturamento projetado dos doze grandes clubes, segundo o Itaú BBA, chegou a 3,25 bilhões de reais, com crescimento de 19,6% em relação a 2015. Por outro lado, a expectativa dos especialistas é que os gastos tenham aumentado 25% no mesmo período, atingindo 2,66 bilhões de reais. Aí, um sinal de alerta: no mundo da bola também é crucial o equilíbrio entre o que entra e o que sai dos cofres (veja o quadro abaixo). No ranking nacional, o Flamengo foi o segundo clube do país a atingir o maior faturamento, com 379 milhões de reais. Mas brilhou mesmo como o que mais se esmerou na relação entre receitas e despesas, ficando em primeiro lugar, com um saldo positivo projetado de 146 milhões de reais. O Botafogo vem em quinto, com superávit de 46 milhões de reais. Mais abaixo estão Fluminense, em oitavo (15 milhões de reais), e Vasco, em décimo (8 milhões de reais).

(Reprodução/Veja Rio)

No fim de 2015, a partida parecia perdida, mas a Receita Federal aprovou o Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut). Isso permitiu aos clubes refinanciar suas dívidas por vinte anos, com descontos de 70% das multas e 40% dos juros. À época, o déficit dos quatro grandes do Rio ultrapassava os 700 milhões de reais. “O fantasma da dívida sumiu e tornou-se possível planejar o futuro”, conta o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello. “O refinanciamento viabilizou o funcionamento dos clubes”, diz Carlos Eduardo Pereira, presidente do Botafogo, em raro momento de concordância dos dois dirigentes.

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Bandeira de Mello, presidente do Flamengo: o campeão carioca de faturamento (Alexandre Loureiro/Veja Rio)

Atualmente, os desafios nos gabinetes têm sido o cumprimento das regras do Profut, para evitar o descredenciamento, e a busca por soluções inovadoras de criação de receita. A segunda meta passa por negociação de cotas de TV e patrocínio, entre outras medidas. No Flamengo, a bola está com Daniel Orlean, vice-presidente de marketing. “Somos uma empresa com 40 milhões de clientes”, diz ele. “E, para tirar proveito disso, operamos em diversas áreas, de atuação nas mídias sociais e plano de sócio-torcedor a licenciamentos da marca”, explica. O Botafogo aposta na casa própria, o Estádio Nilton Santos, para atrair torcedores e patrocinadores. Pedro Abad, presidente do Fluminense, também defende o investimento em marketing e estratégias digitais, mas o déficit previsto para 2017, de 75 milhões de reais, anunciado após auditoria da empresa Ernst & Young, exige atitudes mais drásticas, como a venda de craques para diminuir o prejuízo em curto prazo. Neste campeonato, apenas São Januário mantém silêncio. Procurados, os vascaínos, mais uma vez comandados pelo mesozoico Eurico Miranda, não se pronunciaram sobre suas atividades financeiras. Só nos resta torcer.

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