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Quem é Beatriz Nascimento, intelectual homenageada na Flup de 2024

Abertura acontece neste sábado (11), na Cidade Nova, tem programação gratuita e apresenta mesa com a escritora Conceição Evaristo entre as atrações

Por Kamille Viola
8 Maio 2024, 15h27
beatriz-nascimento
Beatriz Nascimento: homenageada da Flup é referência no movimento e pensamento negro no mundo (./Divulgação)
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A 14ª Festa Literária das Periferias (Flup) terá como homenageada a intelectual e ativista Beatriz Nascimento, um dos grandes nomes do movimento e do pensamento negro brasileiro. A abertura acontece neste sábado (11), no Circo Crescer e Viver, na Cidade Nova, com programação gratuita.

Um dos destaques da programação é a mesa A Noite Não Dorme Nos Olhos das Mulheres — Para Beatriz Nascimento, com a escritora Conceição Evaristo e a escritora e doutora em filosofia Helena Theodoro, com mediação da também escritora Bianca Santana.

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Reconhecida por sua importância na intelectualidade e no ativismo negro no Brasil e no mundo, Beatriz Nascimento dedicou mais de vinte anos à pesquisa dos quilombos, estudando territórios de resistência de escravizados e seus descendentes. Ao lado da mineira Lélia Gonzalez, é considerada uma das fundadoras do feminismo negro.

Nascida em Aracaju, em 12 de julho de 1942, Maria Beatriz Nascimento era filha da dona de casa Rubina Pereira do Nascimento e do pedreiro Francisco Xavier do Nascimento, sendo a segunda mais nova de dez. Quando tinha sete anos, sua família migrou para o Rio de Janeiro, instalando-se em Cordovil, na Zona Norte.

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Formou-se em História na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e foi professora da rede estadual de ensino. Fez pós-gradução em História na Universidade Federal Fluminense (UFF), dedicando-se à pesquisa dos territórios de resistência negros, dos quilombos às favelas.

Também era poeta e roteirista, tendo escrito e narrado o documentário Ôrí (1989), dirigido pela socióloga e cineasta Raquel Gerber, que documenta a trajetória dos movimentos negros no Brasil entre 1977 e 1988, tendo o quilombo como ideia central de uma continuidade histórica, e a história pessoal de Beatriz como fio condutor.

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Sua atuação foi fundamental para levar as discussões raciais para o meio acadêmico, questionando a falta de informações sobre a história do negro no Brasil, já que aqui ele só era retratado como escravizado. Participou da fundação do Grupo de Trabalho André Rebouças, em 1974, na UFF, e do Instituto de Pesquisa das Culturas Negras (IPCN), em 1975.

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Em 28 de janeiro de 1995, Beatriz, que na época cursava mestrado em Comunicação Social na UFRJ, estava em um bar em Botafogo quando foi assassinada com cinco tiros por Antônio Jorge Amorim Viana, o Danone. Ele era o companheiro de Áurea Gurgel da Silveira, de quem Beatriz era amiga, e a quem havia aconselhado que o deixasse, após ela ter relatado episódios de violência doméstica.

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Na época, o babalaô Ivanir dos Santos, que era secretário-executivo do Ceap (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas), afirmou em entrevista que a morte de Beatriz foi motivada por racismo. “O problema é que ele não aceitou a ingerência de uma pessoa negra no relacionamento”, disse ele à Folha de S. Paulo.

O corpo foi enterrado no cemitério São João Batista, dois dias depois. Cerca de trezentas pessoas, entre familiares, amigos e militantes do movimento negro, acompanharam o enterro. Beatriz tinha 52 anos, era divorciada e tinha uma filha, a bailarina Bethania Nascimento Freitas Gomes, com o arquiteto e artista plástico cabo-verdiano José do Rosário Freitas Gomes, conhecido como Djosa.

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O julgamento ficou marcado pelo fato de que, para defender o companheiro, Áurea tentou marchar a imagem de Beatriz diante do júri, acusando a historiadora de aliciar menores e fazer orgias. Intelectuais negras como a doutora em Estudos de Gênero Carla Akotirene apontam que o fato mostra a importância da existência de um feminismo negro, já que Áurea, branca, se virou contra a amiga que tentara ajudá-la para defender um homem que a agredia.

Antônio, o assassino, que cumpria em liberdade parte de uma pena de 11 anos e 6 meses de prisão, por homicídio, tentativa de estupro e uso de drogas, foi condenado a 17 anos de prisão pela morte de Beatriz. No mesmo julgamento, em 19 de abril de 1996, a companheira dele, Áurea foi acusada pelo júri de prestar falso testemunho.

Programação completa da abertura da Flup:

12h: Abertura da casa e serviço da feijoada

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13h30: Abertura Institucional

14h: Sarau Beatriz Nascimento
Carol dall Farra, MC Martina, Josi de Paula e Winona Evelyn

14h30-16h: Mesa Deixa a Gira Girar
Mãe Márcia Marçal, Mãe Flávia Pinto
Mediação: Natara Ney

16h: Lançamento Processo Formativo
Yabás Mães Rainhas

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16h15: Sarau Beatriz Nascimento
Carol dall Farra, MC Martina, Josi de Paula e Winona Evelyn

16h30-18h: Mesa A Noite Não Dorme Nos Olhos das Mulheres
Para Beatriz Nascimento
Conceição Evaristo, Helena Theodoro
Mediação: Bianca Santana

18h: DJ Jess

19h-23h: Pagode da Gigi
Participações:
Marcelle Mota
Nina Rosa

Circo Crescer e Viver. Rua Carmo Neto, 143, Cidade Nova. Sáb. (11), 12h/23h. Grátis.

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