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No reino encantado de Thor

Não bastam os jatinhos, carros espetaculares, roupas de grife, barcos e mansões que fazem parte da rotina vivida pelo filho do homem mais rico do Brasil. Ele agora quer ser também um grande empresário da noite

Por Sofia Cerqueira
Atualizado em 6 jun 2024, 16h42 - Publicado em 1 jun 2011, 21h22
Fernando Lemos
Fernando Lemos (Redação Veja rio/)
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Com nome de divindade nórdica e herdeiro de uma fortuna estimada em 30 bilhões de dólares, Thor de Oliveira Fuhrken Batista não é um jovem comum. Primogênito do oitavo homem mais rico do mundo e da eterna rainha do Carnaval, o ex-casal Eike Batista e Luma de Oliveira, o garotão de 19 anos vive em um mundo mais próximo do fantástico reino de Asgard, das lendas escandinavas, do que da planície carioca. Amante da velocidade, tem na garagem um Aston Martin DBS, comprado há um mês por 1,3 milhão de reais. Quando quer badalar nas boates descoladas de São Paulo, embarca em um dos três aviões da frota familiar, entre eles um Gulfstream, capaz de ir até a Europa sem ser reabastecido. Gasta alguns milhares de reais numa noitada e volta para dormir no conforto da mansão onde mora, no Jardim Botânico. Ali, dispõe de facilidades como quadra de tênis oficial, sala de cinema e academia de ginástica. Assim como o deus do trovão, o Thor de carne, osso e músculos cultua a força física e exibe bíceps com 45 centímetros de diâmetro, esculpidos em uma hora e meia diária de malhação. Tal silhueta ? e o patrimônio do pai ? lhe garante a simpatia das mulheres. Com tantos prazeres ao alcance de um celular, o rapaz poderia simplesmente circular pelo planeta, frequentando os melhores hotéis, restaurantes e festas. Mas ele quer mais.

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Quando repousa a cabeça em seus travesseiros de pena de ganso, Thor sonha em repetir o sucesso paterno no mundo dos negócios. A partir deste sábado (28), ele começa a dar forma a tal desejo. Nesse dia, foi agendada uma recepção para 4?000 pessoas no Museu de Arte Moderna, no Centro. Numa espécie de rito de passagem, a celebração marca o início das atividades da empresa BBX, uma sociedade com Mário Bulhões Pedreira, de 27 anos e herdeiro de uma das mais tradicionais famílias de advogados do país. Juntos, eles querem transformar a companhia em um conglomerado no ramo do entretenimento. O primeiro empreendimento, uma filial da franquia espanhola de boates Pacha, terá as portas abertas em outubro, na Gávea. Ao todo, o negócio vai consumir 11,5 milhões de reais em investimentos ? metade do valor foi emprestada por Eike. “Eu cresci ouvindo meu pai dizer que o maior orgulho de um homem é ver o filho superá-lo”, conta. “Sempre engolia em seco quando ele dizia isso. Fazer mais do que ele é quase impossível.”

Onipresente nas conversas, o pai é, indiscutivelmente, uma grande referência para Thor. Desde menino, ele o acompanha em reuniões e compromissos profissionais para um dia suceder-lhe no comando do império familiar. Quase toda semana, passa pelo menos um dia na sede da EBX, a holding do grupo, na Praia do Flamengo. O rapaz gosta de contar que seu primeiro compromisso de trabalho, digamos, foi em 2000, quando tinha apenas 9 anos. Na ocasião, viajou para o Chile com Eike, que foi vender uma mina de ouro. Recentemente esteve em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, para uma conversa com um xeque que seria dono de uma fortuna de 1 trilhão de dólares, a bordo de um iate de 400 pés. “O que mais me fascina no desejo de Thor de conquistar sua independência financeira é que ele está repetindo a minha história. Mas por vontade própria”, afirma Eike, orgulhoso.

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Além da figura paterna, outro ídolo no panteão de Thor é o atualmente encrencado ator Arnold Schwarzenegger, ex-governador da Califórnia. A reverência não é fruto do desempenho do austríaco em filmes como Conan, o Bárbaro ou Exterminador do Futuro, na política ou nas notórias puladas de cerca, mas sim de seu passado como fisiculturista. O moço é totalmente obcecado pela forma física. Com 1,89 metro de altura e 88 quilos, exibe um índice de gordura corporal de atleta olímpico, ínfimos 4% (para a sua idade, o normal é 14%). No casarão onde mora com Luma e o irmão Olin, de 15 anos, sua maior diversão é se exercitar sob a supervisão de um personal trainer. À mesa, disciplina total. Adepto de um regime um tanto quanto peculiar, ele se alimenta de três em três horas com refeições ricas em proteína. No café da manhã, por exemplo, come frango grelhado com arroz e purê de batata. Suplementos alimentares e medicamentos complementam a dieta. Para monitorar os efeitos de tantas substâncias em seu organismo, realiza exames de sangue a cada dez dias. “Se não estou satisfeito com meu corpo, nem consigo pensar direito.”

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Não raro, sua obsessão pelos exercícios e a preocupação excessiva com a estética dão origem a falatórios e fofocas. No fim do ano passado, Thor decidiu mostrar o resultado de tanta malhação a um grupo de colegas e teve a ideia de divulgar no YouTube um vídeo no qual aparecia de sunga fazendo ginástica ao lado de um amigo na academia particular. “Não imaginei que isso fosse repercutir tanto. Só porque tinha uma cena em que eu dava um abraço no meu amigo passaram a insinuar que eu era homossexual”, comenta, ao mesmo tempo em que desdenha dos comentários. “Tenho autoconfiança suficiente.”

Bem resolvido, ele realmente não se preocupa com o que falam de sua notória vaidade. Thor não só cuida da aparência de forma sistemática como conversa com desenvoltura sobre o tema. Diariamente, passa no rosto quatro tipos de sabonete e um creme antienvelhecimento. Tingidos por luzes no passado, os cabelos recebem hidratante e, uma vez por ano, queratina, para ficar mais macios. Tem um equipamento de bronzeamento artificial em casa, mas garante só ter entrado ali uma vez. “Meu dermatologista achou que podia ser perigoso. Uso então um spray autobronzeador”, revela. As roupas de grife são trazidas do exterior, à exceção das peças Armani, que compra na loja do Fashion Mall. A cada visita costuma gastar entre 12?000 e 15?000 reais. “Da mesma forma que herdou o espírito de liderança do pai, ele é muito parecido comigo em outros aspectos, como fisicamente. A boca e os olhos são meus”, diz Luma.

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O universo por onde Thor gravita é, de fato, um mundo paralelo, onde a lógica tradicional se encontra em suspenso. Sua estreia à frente dos negócios acontece antes mesmo de ele ter concluído o curso superior ? a matrícula no 1º ano de economia do Ibmec foi trancada porque ele achou o ritmo muito puxado. Apesar de ser fluente em inglês e alemão e ter estudado em uma das escolas mais tradicionais do Rio, valeu-se de um supletivo para concluir o ensino médio. Ler, definitivamente, não está entre suas preferências. Gosta apenas de textos sobre carros e fisiculturismo. Costuma se informar sobre negócios em um caríssimo serviço on-line fornecido pela agência americana Bloomberg, ao custo de 5?000 dólares mensais. Algo além disso, nem pensar. “Nunca li um livro inteiro”, admite. “Na época da escola, copiava os resumos da internet para fazer as provas.” No entanto, geralmente diz que a falta de aplicação nos estudos é compensada por um aguçado tino para investimentos. “Comprei o Aston Martin com o dinheiro que ganhei na bolsa”, afirma.

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Rico, bonito e jovem, ele gosta de badalar. Além das escapadas de jatinho para São Paulo, usa os dois helicópteros da família para passar o fim de semana em Angra dos Reis. Lá, dois maravilhosos barcos, um com 68 pés (23 metros) e outro com 115 pés (36 metros), ficam à disposição dos hóspedes. Mão-aberta, muitas vezes banca as despesas dos amigos. “A gente tem uma vida de luxo, sim, mas não esbanjo dinheiro. Conheço gente que torra 60?000 reais numa noite. Eu gasto no máximo 6?000”, declara. Aos companheiros mais próximos e apaixonados por carros como ele, chega a dar presentes como um kit de peças cujo valor ultrapassa 20?000 reais. Mas aprendeu desde pequeno a se manter alerta contra aproveitadores. “Costumo dizer que já nasci com detector de gente interesseira. Sei que, com a fortuna do meu pai, muita gente finge ser minha amiga”, afirma. Por motivo de segurança, não dá um passo fora de casa sem que esteja acompanhado por seus seis guarda-costas.

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No Brasil, o filho de Eike Batista é a personalidade que mais se aproxima da figura de um príncipe herdeiro. Alguns de seus namoros do passado, como o que manteve com a paranaense Nicole Bahls, uma das apresentadoras do programa Pânico na TV, fizeram a festa dos paparazzi. Hoje mantém um relacionamento discretíssimo com a estudante de relações internacionais Tamara Lobo, de 20 anos. “Ela é a mulher com quem eu quero me casar”, avisa. No início do romance, Thor chegou a se preocupar em não ser mal interpretado. “No dia em que começamos a namorar, dei de presente uma aliança modesta da H.Stern, de 7?000 reais, para ela não achar que eu estava ostentando”, lembra. Em compensação, quando o namoro engrenou de vez, ele trocou a joia por outra, comprada na filial paulistana da Tiffany & Co por 30?000 reais. Tamara, também filha de família abastada, deu-lhe de presente um relógio Breitling, que acabou substituindo o antigo Rolex que nunca saía de seu pulso. Como o amor não tem preço, já reservou uma semana numa suí­te de 160 metros quadrados do Hotel Ritz de Londres para comemorar o aniversário dela, em julho. Faz parte do pacote um Rolls-Royce para o casal passear por lá.

Sucessor direto de uma estirpe iniciada por seu avô, o engenheiro Eliezer Batista, ex-presidente da Vale e responsável pela transformação da empresa no colosso que é hoje, Thor tem um longo caminho pela frente. Aos que duvidam de sua capacidade ou destreza em gerir negócios, é bom lembrar que Eliezer e Eike também foram considerados aventureiros e até mesmo sonhadores. Os dois criaram empresas sem paralelo no país. Nada impede que o representante da terceira geração, com seu nome de herói escandinavo, seus músculos, sua obstinação e o capital da família, venha a realizar seus próprios feitos. Mas, se malhasse menos e lesse mais, mesmo que fossem apenas biografias de grandes empreendedores, suas chances ? e seus poderes ? seriam ainda maiores.

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