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Casamento ostentação de Preta Gil teve desconto (bem) camarada dos fornecedores

Dona de bloco de Carnaval, a cantora Preta Gil arrasta uma multidão de celebridades a seu casamento, transformado em vitrine para o que existe de mais caro e suntuoso no ramo de festas

Por Daniela Pessoa e Sofia Cerqueira, com colaboração de Carolina Barbosa
Atualizado em 2 jun 2017, 12h37 - Publicado em 16 Maio 2015, 01h00

O Rio é uma cidade pródiga em celebrações memoráveis, a começar pelo Baile da Ilha Fiscal que ajudou a enterrar o regime imperial, em novembro de 1889. Ainda assim, o que se viu na última terça-feira (12), primeiro na Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, no Centro, depois na mansão da família Monteiro de Carvalho, em Santa Teresa, surpreendeu os cariocas. Na ocasião, festejou-se o matrimônio de Preta Gil, 40 anos, filha do cantor e compositor Gilberto Gil, famosa por seu bloco carnavalesco, com o personal trainer Rodrigo Godoy, 26. Tanto na cerimônia religiosa quanto na festa, uma constelação de astros, estrelas, socialites e celebridades compôs a pequena multidão de 700 convidados. Cuidadosamente compilados e divulgados pela organização, os números do evento eram de arregalar os olhos: 56 padrinhos e madrinhas, 400 garrafas de champanhe, 14 000 flores, 115 garçons, jantar de 27 pratos e sete caminhões de equipamentos, utensílios e móveis trazidos de São Paulo (veja mais detalhes no quadro abaixo). Tamanha opulência garantiu doze horas ininterruptas de festa, que culminou em um show ribombante que juntou no palco a noiva, seu pai, Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Elba Ramalho, Anitta e Thiaguinho, entre outros. Segundo quem é do ramo, uma festa desse porte não sai por menos de 2 milhões de reais. Preta, entretanto, comemorou seu enlace por valores bem mais camaradas (e mantidos sob sigilo). Praticamente todos os fornecedores ofereceram generosos descontos, e alguns não cobraram nada, tendo em vista a projeção que o evento daria a seu negócio. “Não quero saber de dinheiro, eu só quero amar”, disse Preta a VEJA RIO pouco antes de embarcar para sua lua de mel, nas Ilhas Maldivas. “Trabalhei muito e pude me dar de presente esta festa linda. Graças a Deus, tenho amigos e fornecedores que me deram alguns descontos, sim.”

Infográfico casamento Preta Gil
Infográfico casamento Preta Gil ()

Tanto quanto o brilho e a suntuosidade da comemoração, chamou atenção nas bodas de Preta a espetacular visibilidade que o evento alcançou, principalmente na internet. Na terça-feira, as buscas relacionadas ao assunto ficaram em segundo lugar entre os tópicos mais pesquisados no Google Brasil, com mais de 200 000 consultas. Em menos de 24 horas, o perfil da cantora no Instagram aumentou em 100 000 seguidores, passando de 2,3 milhões para 2,4 milhões. Nos dois dias, mais de 19 000 fotos foram postadas nessa mesma rede social com referências ao casório. Tamanha repercussão, obviamente, não brotou do nada. Ela começou a ser gestada, ainda que de forma inadvertida, no fim de 2014, quando se iniciaram os planos da grande festa. Em abril, a equipe de marketing da cantora achou que valia a pena desengavetar um velho projeto de produzir uma série sobre ela em programetes publicados no YouTube. Carismática, autêntica e falastrona, Preta mostraria os bastidores dos preparativos da festa. A inspiração para a produção veio do reality show da americana Kim Kardashian, um dos maiores fenômenos da internet e do mundo das celebridades. Nos Estados Unidos, a série sobre o casamento da moça, até então uma socialite de pouca expressão mais conhecida por suas curvas voluptuosas, virou um sucesso global visto por 4 milhões de pessoas. Por aqui a coisa foi mais modesta, mas mesmo assim impressionou: cada um dos doze episódios de dez minutos já exibidos rendeu mais de 100 000 vi­sua­li­za­ções. E não serviu apenas para promover a cantora e dona de bloco carnavalesco. “A websérie foi também uma maneira de agradecer aos fornecedores”, explica Horácio Brandão, um de seus assessores. Paralelamente, a aproximação da grande data transformou os perfis da noiva nas redes sociais em uma imensa vitrine de empresas voltadas para casamentos (todas ligadas a seu próprio, é claro). “Ela é uma artista, sabe trabalhar sua imagem e pode se associar a um produto em posts nas redes sociais. Hoje o mundo é isso, a publicidade mudou”, diz a empresária Bia Aydar, dona de uma empresa de eventos, ex-presidente da extinta agência de propaganda MPM e uma das madrinhas de Preta.

Infográfico casamento Preta Gil
Infográfico casamento Preta Gil ()
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Segundo as regras básicas do marketing, de nada adianta investir recursos infinitos na promoção de um produto se a mercadoria em si não atende às expectativas. No caso do casamento de Preta, tal critério foi cumprido à risca e, profissionalíssima, ela entregou a farra exatamente na proporção prometida. Já na igreja se percebia o sucesso estrondoso da celebração. O trânsito ficou completamente engarrafado nos arredores da Avenida Primeiro de Março, no Centro, em plena hora do rush. Uma multidão se formou na porta do templo, a ponto de ser necessária a instalação de grades de contenção para garantir a entrada dos convidados. A turma do bigode grosso (as celebridades mais graúdas) ganhou um acesso especial pela lateral. Mesmo assim, passou algum sufoco para driblar o povaréu. A diva do axé, Ivete Sangalo, mal conseguiu sair do carro e teve de ser resgatada por seguranças. Na cerimônia, o barulho que vinha da rua chegou a incomodar. Sirenes de carros de polícia, apitos dos guardas de trânsito e os gritos dos fãs davam a impressão de que a igreja seria invadida a qualquer momento. “Não sei por que não fecham essa porta”, reclamou a atriz Cláudia Abreu, acomodada na quarta fila. Mas quem teve sangue-frio para aguentar o stress foi brindado com momentos emocionantes, como ver Gilberto Gil contendo as lágrimas ao conduzir a filha ao altar, ou mesmo se angustiar com a forma como o noivo travou na hora de dizer o “sim”, tamanho era seu nervosismo. Outro ponto alto foi a execução de duas músicas do pai num programa basicamente sacro – o tema do Sítio do Picapau Amarelo na entrada das damas de honra e a canção Drão, composta em homenagem à mãe de Preta, Sandra Gadelha, no cumprimento dos padrinhos.

Quem pensou que a situação seria diferente em Santa Teresa encontrou pelo caminho cenário igualmente caótico. Alguns levaram mais de uma hora para chegar à mansão, emprestada para a festa pela socialite Lilibeth Monteiro de Carvalho, amiga da madrasta de Preta, Flora Gil. O ator Márcio Garcia se irritou com o engarrafamento. Malu Mader também ficou aborrecida, mas por outro motivo. Ela fez cara feia ao ter de sacar seu documento de identidade para provar quem era – para entrarem, os convidados precisavam apresentar um cartão magnético e o RG. Uma vez lá dentro, tudo ficava uma beleza. O cenário do palacete, enfeitado com 14 000 flores, era esplendoroso. Doze lustres de cristal Baccarat adornavam a área coberta onde ficavam a pista de dança, o palco e o bar. Ali, garrafas de vodca Cîroc e uísque Johnnie Walker Gold Label Reserve destacavam-se no balcão (o fornecimento das duas bebidas foi cortesia dos fabricantes). A quantidade de celebridades cresceu exponencialmente, com nomes como Bruno Gagliasso, Bruna Marquezine, Ana Maria Braga e Juliana Paes. “Isso aqui está melhor do que a festa de cinquenta anos da Globo”, brincava a diretora Amora Mautner, que assumirá a próxima novela das 9.

Juntar convidados de tal naipe não é tarefa para qualquer um. Filha de um dos maiores nomes da MPB e enteada da empresária e produtora Flora Gil, organizadora de shows e do Camarote Expresso 2222, o mais famoso do Carnaval baiano, Preta cresceu em meio aos maiores medalhões da cultura e do entretenimento do país. Dona de uma personalidade exuberante, foi capaz de multiplicar esse patrimônio e trans­formá-lo em uma poderosa rede de relacionamentos, muito maior que a projeção que tem com seu trabalho como cantora. “A Preta é uma formadora de opinião, tudo o que ela faz repercute muito”, diz Samara Costa, uma das sócias da S-Cards, empresa paulista especializada em convites para grandes festas e fornecedora do evento. “Todo mundo que estava lá fez alguma parceria, pois nesse caso uma mão lava a outra”, explica. A fórmula do desconto camarada se aplicou ao vestido de noiva, ao DJ que animou a festa, à caixa de brindes dos padrinhos, ao serviço de bar, ao bolo, aos doces e bem casados e às lembranças que os convidados ganharam. Em alguns casos, como no das alianças dos noivos, o serviço saiu de graça. A lua de mel entre Abu Dhabi, Ilhas Maldivas e Dubai ganhou um formato específico. Avaliada em mais de 100 000 reais, foi parcialmente cus­tea­da pela lista de casamento. Mas Preta levou alguns mimos. Ganhou da companhia Etihad as passagens aéreas em classe executiva. Também recebeu upgrades em relação ao pacote tradicional para suítes mais caras de hotéis cinco-estrelas (no das Maldivas, a diária custa 6 000 dólares). Não à toa, boa parte do oitavo capítulo da websérie foi dedicada a ressaltar as maravilhas dos Emirados Árabes e as vantagens de trocar uma lista convencional de presentes por uma vaquinha de convidados para financiar uma bela viagem. Um casório ostentação como esse tinha de ter um desfecho à altura.

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