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Bia Rique presta serviço gratuitamente na Santa Casa de Misericórdia

A nutricionista reserva um dia por semana em sua agenda para dar consultas no local

Por Heloiza Gomes
Atualizado em 5 dez 2016, 11h14 - Publicado em 25 jun 2016, 01h00
Bia Rique
Bia Rique (Anna Fischer/)
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Há treze anos, Bia Rique foi fazer um trabalho acadêmico na Santa Casa de Misericórdia. Foi quando tomou conhecimento de que a maioria dos pacientes que procuravam o departamento de cirurgia plástica, chefiado por Ivo Pitanguy, estava acima do peso, o que aumenta o risco de qualquer intervenção. A nutricionista, então, resolveu se juntar à equipe de voluntários da entidade e até hoje reserva um dia da semana para dar consultas gratuitas. “No início, eu atendia duas pessoas por dia; agora, são de trinta a 35. O serviço cresceu tanto que tive de formar grupos de pacientes. Foi melhor, porque muitas delas tinham dificuldade de assimilar alguns conceitos e compreender a tabela nutricional, por exemplo. Estando juntas, uma apoia a outra”, conta a nutricionista. E, antes que alguém pense que o objetivo é puramente estético, é bom deixar claro que Bia e sua equipe — atualmente, ela tem quatro colaboradoras — atendem casos complexos, de gente que precisa emagrecer para ter pele sobrando e fazer enxerto a mulheres com problema de coluna devido a mamas grandes.

“Com o programa, muitas pacientes que vivem em autoabandono passam a ter uma vida mais saudável e a se ver de forma mais positiva”

O programa de reeducação alimentar dura de três meses a um ano e vai além da perda de peso. “Faço um trabalho de conscientização de saúde, porque comecei a perceber que muitas estavam anêmicas ou diabéticas e nem sabiam. E isso acontece porque elas só vão ao médico quando estão doentes mesmo, e não têm o hábito de fazer exame de sangue anual”, diz Bia. De quebra, as pacientes ainda recuperam a autoestima. “Muitas vivem em autoabandono, por causa dos obstáculos que enfrentam. A partir do programa, elas não só ganham uma vida saudável como passam a se ver de forma mais positiva”, atesta a nutricionista, que sabe que a sua iniciativa é só um pequeno passo para resolver o problema nutricional da população. “Sei que é dever do Estado facilitar o custo dos alimentos saudáveis, mudar a merenda nas escolas, desenvolver políticas melhores para a agricultura. Mas isso não isenta o profissional de saúde de fazer um esforço como cidadão”, afirma Bia, satisfeita com os resultados obtidos com sua atuação. “Acho que sou sonhadora. Mas o que me move é conseguir transformar um pouco a vida das pessoas, mesmo com tantas dificuldades. A Santa Casa foi e é, para mim, uma janela para o mundo, que me possibilita mergulhar em universos tão diferentes e dolorosos”, diz.

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