Alan Maia criou um projeto de aulas de música a jovens de baixa renda
Publicitário é o criador da Agência do Bem, que oferece atividades gratuitas em comunidades cariocas
Acostumado a acompanhar os pais em visitas a orfanatos e eventos beneficentes durante a infância, Alan Maia acabou incorporando o hábito e, na adolescência, engajou-se em causas variadas. “Eles sempre tiveram consciência humanitária e educaram os filhos com essa filosofia. Isso se refletiu nas escolhas que fiz ao longo da vida”, explica. Hoje, com 36 anos, ele pode dizer que se devota totalmente ao trabalho social. Publicitário de formação, largou uma carreira promissora em agências de propaganda para, em 2003, dedicar-se a um mestrado em serviço social. Dois anos depois, criou o próprio projeto: a Agência do Bem. Ao lado de três amigos, Maia fez um censo em mais de 500 residências de uma comunidade de Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio, para entender quais eram as principais necessidades daquela população. No fim da pesquisa, percebendo a carência de opções culturais na região, decidiu investir o pouco dinheiro que tinha na compra de dez violinos para a criação da Escola de Música e Cidadania, que oferece aulas gratuitas a crianças e adolescentes de baixa renda.
“Pode parecer ingênuo, mas o que eu quero mesmo é mudar o mundo”
Hoje, dez anos depois de seu nascimento, a iniciativa cresceu e conta com outras duas sedes, em Vargem Pequena e na Cidade de Deus. A escola de música já atendeu mais de 2 000 jovens entre 7 e 17 anos e se desdobrou na fundação, em 2011, da Orquestra Nova Sinfonia. Formado por quarenta alunos do projeto, o grupo se apresenta regularmente e esteve até no Olympia, famosa sala de espetáculos em Paris. A ONG promove ainda oficinas de artesanato, aulas de informática e curso preparatório para o Enem. Em 2012, a fim de atingir um maior número de pessoas, Maia alterou o modelo de atuação da Agência do Bem e criou a Rede de Organizações do Bem, que financia pequenos projetos dentro de outras comunidades. “Queria expandir as nossas atividades para outros lugares e pensei que seria mais efetivo ajudar quem já está trabalhando nesses locais, em vez de começar do zero”, diz. Já são quinze iniciativas assistidas e outras 315 foram atendidas com palestras e capacitação. “Pode parecer ingênuo, mas o que eu quero mesmo é mudar o mundo. Se estou conseguindo transformar a vida dessas pessoas, é um bom começo.”