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Pulseiras e relógios inteligentes conquistam os cariocas fitness

Ao registrarem o número de passos, os batimentos cardíacos e as calorias gastas, wearables ajudam a perder peso, melhorar a saúde e aprimorar a performance esportiva

Por Carolina Barbosa e Daniela Pessoa
Atualizado em 2 jun 2017, 12h16 - Publicado em 23 jan 2016, 00h00

Com 29 anos e 56 quilos distribuídos em 1,66 metro, Giovanna Ewbank é um exemplo que boa parte das mulheres persegue: corpo magro e sarado, sem nada (nada mesmo) fora do lugar. Nada também que tenha vindo de graça, diga-se. Para manter a forma, a atriz segue à risca uma dieta equilibrada aliada a atividades físicas regulares. Três vezes por semana, ela corre, faz exercícios funcionais e ainda pratica lutas como boxe e muay thai. Em meados do ano passado, no entanto, andava bem preguiçosa para treinar. “Eu já acordava pensando na hora de dormir e me sentia muito cansada durante o dia”, conta. Foi quando aderiu à smartband, uma pulseirinha emborrachada com sensores capazes de monitorar o ciclo do sono, os batimentos cardíacos e as calorias gastas ao longo do dia, entre outras funções. Com o acessório, veio o diagnóstico. O motivo de tanto cansaço eram as noites maldormidas. Das oito horas de sono, ela descansava, na verdade, cinco. “Nem percebia, mas me levantava bastante para ir ao banheiro e despertava várias vezes com a movimentação dos meus cachorros dentro do quarto”, completa. O equipamento também se tornou um grande aliado do personal trainer Chico Salgado. Quando Giovanna tentava pular algum exercício, ele lhe mostrava o gasto calórico logo após a execução. Era o estímulo necessário para que ela completasse a série sem reclamar (ou de melhor humor). Com os dados captados pelo dispositivo e sincronizados com um aplicativo, Salgado, professor de outras celebridades, como Giovanna Antonelli, Bruna Marquezine e Carolina Dieckmann, consegue acompanhar o desempenho das suas alunas mesmo quando estão viajando. “Agora, tenho como fiscalizar todo mundo. Elas não conseguem mais me enganar”, brinca.

Infográfico -apps-wearables
Infográfico -apps-wearables ()

A experiência vivida por Giovanna pode até parecer uma espécie de Big Brother fitness, mas está se tornando rotineira entre homens e mulheres interessados em manter o corpo enxuto e saudável. Prova disso é que os wearables, aparelhos digitais usados no corpo, como a pulseirinha, foram apontados pelo American College of Sports Medicine — prestigiada organização científica dedicada à medicina esportiva — como a principal tendência do universo fitness em 2016. Até 2018, a expectativa é que tal mercado movimente 30 bilhões de dólares no mundo. Como o Brasil é o segundo país no planeta com o maior número de academias, atrás apenas dos Estados Unidos, e tem um índice ascendente de pessoas acima do peso (52,5% da população adulta), não é difícil concluir que o Rio, a capital oficial da boa forma, está no olho desse furacão tecnológico. Os recentes smartwatches, relógios inteligentes com funções similares às das pulseiras, já podem ser encontrados nas principais lojas de material esportivo. Entre os adeptos, o psicólogo Guilherme Takamine, 28 anos, eliminou 60 quilos em um ano com dieta e corrida. “Como eu tinha medo de morrer do coração, comprei um frequencímetro. Depois, queria algo a mais para me motivar. Foi quando adquiri a minha primeira pulseira, da Polar, e passei a usar os dados para aumentar o rendimento no treino”, conta o ex-gordinho, que hoje tem um relógio da mesma marca. “Além de servir para o monitoramento das atividades físicas, é uma ferramenta que funciona como um estímulo a mais para o aluno se exercitar, uma vez que esses equipamentos costumam traçar metas de desempenho e revelar o gasto calórico em cada exercício”, ressalta Eduardo Netto, diretor técnico da rede de academias Bodytech.

Guilherme Takamine -wearables
Guilherme Takamine -wearables ()

O perfil dos interessados nesse tipo de tecnologia é tão eclético quanto abrangente. Há de marombeiros obstinados em manter os músculos a atletas amadores buscando melhores resultados, passando por aqueles que pretendem apenas monitorar a saúde. Nesse último grupo está o representante comercial Jarbas Alves, 58 anos. Diagnosticado com hipertensão, ele aderiu à smartband da Nike, hoje fora do mercado, e a um relógio inteligente, ambos trazidos dos Estados Unidos. “Com um deles, monitoro a frequência cardíaca durante os treinos. Já o outro me informa a quantidade de passos e as calorias gastas, o que me ajuda muito a controlar a pressão e o peso”, conta Alves. Diante dos resultados, ele vai vendo se precisa andar mais ou comer menos. No último fim de ano, mesmo em meio às festas, conseguiu eliminar 1 quilo e reduzir a gordura corporal em 1%. Adepto de diversas modalidades e fã de tecnologia, o administrador Alexandre Figueiredo, 41 anos, preocupa-se mais com o seu desempenho esportivo. Inicialmente, adquiriu um modelo com GPS da Garmin para melhorar a performance nas pedaladas e na corrida. Praticante também de kitesurf, acaba de investir 2 000 reais em um upgrade: uma versão à prova d’água da marca Rip Curl, usada por atletas profissionais como o surfista Gabriel Medina. O dispositivo mostra, entre outras funções, o tempo de permanência na água, o percurso feito a cada onda enfrentada e a velocidade atingida. “Esses recursos me permitem ver exatamente em que posso melhorar. Consigo ter esse feedback em tempo real, basta olhar para o meu pulso”, entusiasma-se.

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Na turma dos marombeiros, a musa fitness e ex-BBB Jaque Khury, 31 anos, 63 quilos, 1,65 metro e um séquito de quase meio milhão de seguidores no Instagram, aderiu ao relógio durante a gravidez, por recomendação de seu ginecologista. A preo­cupação do médico era que ela não se excedesse durante os treinos. À época, não poderia ultrapassar 150 batimentos por minuto durante as atividades físicas. Desde então, nunca mais abandonou o acessório, apesar do ceticismo em relação à precisão dos resultados. “Uso por excesso de zelo, mas não acredito que a ferramenta seja muito confiável”, diz, incrédula. Não é só ela que tem essa dúvida. Na primeira semana do ano, a Fitbit, conhecida por oferecer os gadgets mais baratos do mercado, foi alvo de uma ação coletiva por parte de consumidores da Califórnia que questionam a exatidão de dois de seus produtos para aferir a frequência cardíaca. “Apesar de benéficas, essas ferramentas em sua maioria trabalham com uma média de métricas. Por isso, é preciso ter acompanhamento profissional individualizado”, alerta o médico José Kawazoe Lazzoli, diretor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE). “Caso contrário, vira receita de bolo.”

Jaque Khury
Jaque Khury ()

De olho no potencial desse mercado em franca ascensão, empresas que não atuam diretamente no nicho fitness também estão apostando no filão dos acessórios inteligentes. A Apple trouxe para o Brasil em setembro do ano passado um relógio de design moderno, vendido por quase 3 000 reais, com recursos para medir velocidade, batimentos cardíacos, calorias queimadas e até a quantidade de vezes que o usuário se levantou ao longo do dia. Samsung, Sony, Motorola e LG estão investindo pesado no ramo de smartbands e smartwatches, que têm preços a partir de 300 reais no mercado carioca. “Os wearables são uma boa oportunidade de negócio. Mas a ideia é ir além do fitness, e criar dispositivos capazes de monitorar também hábitos de consumo registrados através do uso de smartphone”, afirma Joe Takata, gerente de produtos da Sony Mobile Brasil.

Cobiçados nos anos 80, os relógios com calculadora e controle remoto foram os precursores dos wearables. Desde então, percorremos um longo caminho até chegar às ferramentas digitais aplicadas ao bem-estar, mas ainda há muito a ser explorado. Esse foi um dos temas de destaque na Consumer Electronics Show 2016, a maior feira de tecnologia do mundo, que aconteceu no começo do mês, em Los Angeles. O evento apresentou o primeiro sutiã inteligente, capaz de coletar os batimentos cardíacos, os tênis iFit, que computam dados sobre a corrida, e os adesivos da francesa L’Oréal com sensores para raios ultravioleta. A IBM divulgou ainda o desenvolvimento de um aplicativo para diagnosticar episódios de hipoglicemia em pessoas diabéticas. “A integração com dispositivos médicos também é uma das nossas áreas de interesse. Já temos tecnologia para isso”, afirma Luiz Gustavo Martins, especialista do Google em desenvolvimento de aplicativos. Aos poucos, o futuro vai chegando por aqui. No início do mês, o médico do Flamengo, Márcio Tannure, liderou a implantação de coletes e cintas dotados de chips e GPS capazes de medir, em tempo real, o deslocamento e o esforço dos jogadores de futebol. “Além de individualizar o treino, melhorando o rendimento, consigo prevenir lesões”, diz. A revolução tecnológica a serviço da saúde e da boa forma, pelo visto, está só começando — no aquecimento, digamos assim —, sempre devidamente monitorada pelo gadget da vez. 

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