Dez motivos para visitar o Museu do Trem
Fechado desde 2007, o espaço dedicado às ferrovias e locomotivas do país reabriu na terça (2). Veja o que você vai encontrar por lá
Uma semana depois perder sua atração mais famosa – o Engenhão, interditado pela prefeitura por problemas estruturais na cobertura -, o bairro de Engenho de Dentro recebe de volta um espaço que merece ser visitado pelos cariocas: o Museu do Trem, que reabriu nesta terça (2). Fundado em 1984, o enorme galpão abriga quase 160 anos de história das ferrovias brasileiras e havia sido fechado em 2007, quando sua propriedade foi transferida para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). No espaço de 1200 metros quadrados é possível passear entre relíquias como a Baroneza, a primeira locomotiva a circular no país (sim, aquela mesma trazida pelo Barão de Mauá!) e o vagão oficial da presidência na década de 1930, usado pelo então presidente Getúlio Vargas.
O acervo do museu conta com mais de mil itens – destes, cerca de 150 peças estão expostas ao público no mesmo terreno onde, no passado, funcionava a sede da Rede Ferroviária Federal. “Aqui acontecia a manutenção das máquinas da Central do Brasil”, explica o historiador Bartolomeu d?El-Rei, servidor do Iphan responsável pelo museu.
Ficou com vontade de voltar no tempo? Listamos abaixo dez relíquias que você vai encontrar por lá.
1 – Baroneza
Originária da Inglaterra, a primeira locomotiva a chegar no Brasil fez sua primeira viagem em 1854. Está exposta com dois vagões, idênticos aos que eram acoplados à máquina original. “Ainda funciona, acredita?”, garante o historiador Bartolomeu d?El-Rei. Ao contrário do que imaginamos, a Baroneza não é tão grande: tem menos de 10 metros de comprimento.
2 – Vagão Imperial…
Datado de 1886, um ano antes da queda do Império, foi adaptado para atender ao imperador Dom Pedro II e sua família nas viagens que faziam pelo país. É composto por uma sala com cerca de quinze cadeiras e um toalete. Curiosidade: naquela época, os dejetos do sanitário caíam direto no leito da ferrovia. “A decoração é muito bonita, e conserva os móveis da época, como sofás, jarros usados para lavar as mãos e escarradeiras ao lado das poltronas”, diz o historiador
3 – vagão real…
A princípio, o carro atendia aos administradores da Central do Brasil. Na década de 20, ele sofreu uma reforma para receber o Rei Alberto da Bélgica, que partiu do Rio em direção a Minas Gerais em 1922 para inspecionar a extração de ouro na Mina Morro Velho, naquele estado. A decoração também conserva os móveis originais da época, o quarto onde ele dormiu, espelhos e toalete com lavatório e vaso sanitário.
4 – … e vagão presidencial
Também faz parte do acervo o vagão Estado, criado para atender aos presidentes da República. Muito utilizado por Getúlio Vargas, que chegou ao Rio na década de 30 usando este vagão. “Nele, há uma sala onde eram recebidas as autoridades e onde ele despachava. Também conserva móveis da época”, descreve o historiador. O outro cômodo, uma espécie de suíte, é onde o então presidente dormia durante as viagens. No banheiro presidencial, além de lavatório e sanitário, há também uma banheira e um aquecedor de água. Há ainda um terceiro cômodo, possivelmente de hóspedes, e um banheiro extra para a comitiva de Vargas.
5 – O carro de bombeiros
Um outro carro curioso exposto no museu é este, usado pela equipe da Central do Brasil para apagar incêndios na ferrovia. Puxado por tração animal, não andava pelos trilhos. A data do equipamento é desconhecida.
6 -Placas históricas
A coleção é formada por cerca de 50 peças, feitas em bronze, usadas no passado para a identificação de máquinas. Há placas inclusive de trens mais modernos, que ainda circulam hoje, fazendo passeios turísticos em Minas Gerais, São Paulo, no sul do país ou mesmo no interior do Rio. Fique atento: cada placa traz a numeração da locomotiva e seu país de procedência – boa parte veio dos Estados Unidos e da Inglaterra.
7 – Peças do passado
Além de vagões e máquinas históricas, outros tantos objetos do sistema ferroviário do país estão guardados no museu. Há desde instrumentos de medição (como os teodolitos, uma espécie de binóculo que servia para traçar as linhas férreas no campo sem nenhum desvio, usado em todas as ferrovias do país), bússolas antigas, relógios das locomotivas e até exemplares de telégrafos que ficavam nas estações de trem.
8-Pequenas máquinas
No passado, o museu contava com um simpático e curto passeio de trem dentro de seu próprio espaço. Há alguns anos, no entanto, com a perda de cerca de 90% de seu espaço físico para a construção do Engenhão, o passeio foi desativado. A pequena locomotiva, no entanto, continua lá em exposição, na entrada do museu. Além dela, há uma outra, nos fundos.
9 – Grandes locomotivas
Duas locomotivas maiores também se encontram no espaço externo do museu. Uma era máquina de serviço, usada para deslocar os vagões da rede ferroviária em manutenção. Já a outra subia e descia a serra de Petrópolis. “O trem conseguia fazer percurso por contar com um sistema de cremalheiras, que possui as rodas normais e, entre elas, rodas dentadas que encaixam nos dentes do trilho e realizam a tração para a subida. Na volta, ela freia, evitando que o trem desça bruscamente”, explica o historiador, acrescentando que o trenzinho do Corcovado ainda conserva esse mesmo tipo de sistema.
10 – A sala do chefe da estação
Um ambiente representa um típico escritório de um chefe de estação do início do século. A decoração antiga conta mesa, cadeira e máquinas de calcular, que mais parecem máquinas de escrever antigas. Dois quepes usados pelos chefes da estação e até um telefone daqueles de manivela completam a decoração.
Museu do Trem. Rua Arquias Cordeiro, 1046, Engenho de Dentro. Segunda a sexta, das 10 às 15 horas, com entrada franca. Mais informações e agendamento para visitas escolares pelo tel. 2233-7483.