Carioca nota dez: Ivonette Albuquerque
A economista Ivonette Albuquerque criou um projeto de inclusão de jovens carentes no mercado de trabalho
A economista Ivonette Albuquerque, 58 anos, possui uma sólida carreira na área de gestão de projetos e no mercado financeiro. Entretanto, sua vida deu uma guinada há doze anos. Na ocasião, o confortável apartamento onde morava com a família no Leblon foi invadido por adolescentes armados, que ameaçaram sua vida, trancaram-na com o filho adolescente no banheiro e roubaram o que havia de valor por ali. “Fiquei aterrorizada e meu primeiro impulso foi fugir da cidade. Eu me mudei temporariamente e reforcei a segurança de casa”, recorda. Quando se decidia sobre a compra de um carro blindado, teve um lampejo. “Percebi que a vida das pessoas não pode ser regida pelo medo. Eu precisava entender esses jovens e fazer alguma coisa para que eles pudessem seguir por outro caminho.” Em uma noite, esboçou o que viria a ser o Galpão Aplauso, projeto de capacitação e inclusão de jovens carentes instalado em uma propriedade de 14?000 metros quadrados na Zona Portuária.
“Vi que precisava ajudar jovens como os que assaltaram minha casa a seguir por outro caminho”
Desde sua abertura, o Galpão Aplauso já atendeu mais de 7?000 pessoas entre 19 e 26 anos. Lá, participam de oficinas artísticas, aprendem técnicas profissionalizantes e ainda assistem a aulas de português e matemática. “Noventa por cento delas chegam sem saber ler, escrever ou realizar operações matemáticas. Por isso, desenvolvemos um método mais lúdico para ensiná-las”, explica Ivonette. A proposta conquistou o apoio do BID e está entre as finalistas de uma premiação promovida pelo Tesouro americano que reconhece as iniciativas mais importantes apoiadas pelos bancos de fomento. O resultado sai até julho, mas já existem motivos para comemorar: o indicador de empregabilidade do Galpão Aplauso supera em cinco vezes o índice do até então mais bem colocado projeto financiado pelo BID. “Nossos jovens agregam em sua experiência o que vivem na favela e o que aprendem fora dela. Isso acaba originando um conjunto único de valores”, diz ela, orgulhosa.