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Britânicos desembarcam no Rio de olho nos jogos

Ingleses chegam à cidade para pôr em prática a experiência adquirida no ciclo de Londres ou motivados pela perspectiva de fazer bons negócios

Por Carolina Barbosa
Atualizado em 5 dez 2016, 14h03 - Publicado em 6 nov 2013, 19h38
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olimpiada-1400.jpg (Veja Rio/)
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Uma das imagens eternizadas na Olimpíada de Londres, no ano passado, nada tem a ver com o desempenho esportivo de um atleta. Numa das maiores gafes da história da competição, a bandeira da Coreia do Sul foi projetada no telão do estádio antes da partida de futebol feminino que envolvia, na verdade, a Colômbia e a Coreia do Norte, inimiga figadal do país vizinho. Revoltados, integrantes da delegação que se sentiu ultrajada atrasaram a entrada do time em campo, e a partida começou mais de uma hora depois do horário marcado. A mancada só não se transformou em um grave embaraço diplomático porque a turma do deixa-disso entrou rapidamente em ação. Um mérito que pode ser atribuído em grande parte à britânica de origem canadense Sarah Paterson, 33 anos, na época integrante do Comitê Organizador dos Jogos de Londres. Coube a ela transmitir as desculpas oficiais aos norte-coreanos e apaziguar os ânimos. “Foi difícil demais”, lembra. Aparentemente, o caso não deixou traumas, visto que Sarah já está novamente envolvida em uma Olimpíada. Ela é um dos quarenta estrangeiros ? boa parte de origem britânica ? entre os 570 funcionários do Comitê Organizador da Rio 2016 (veja outros nos quadros). Sua função, uma vez mais, é intermediar as relações junto a comitês mundo afora e apagar algum incêndio quando necessário.

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A armada inglesa traz para a cidade um grupo de profissionais atraídos pela perspectiva de participar novamente de um ciclo olímpico, com a possibilidade de pôr em prática a experiência adquirida na última competição. Há também quem venha por enxergar no evento uma ótima oportunidade de negócios. Nesse segmento se inclui o casal formado pela inglesa Tanya e por Mark Harris, paulistano radicado na Inglaterra há mais de duas décadas. Eles aproveitaram o conhecimento dele na área de segurança durante os nove anos em que serviu no Exército britânico e a experiência dela em Pequim (2008), Vancouver (Jogos de Inverno 2010) e Londres para abrir por aqui uma empresa de consultoria esportiva. Entre os serviços oferecidos pela Foot in Brazil destaca-se um item surpreendente: o aluguel de tochas olímpicas. A dupla dispõe de quatro modelos originais do objeto pertencentes a um colecionador inglês. Durante a Olimpíada passada, o acervo esteve à mostra em mais de cinquenta eventos, a maioria deles promovida por patrocinadores. Quando as atenções se voltarem para a Rio 2016, a expectativa do casal é faturar um bom dinheiro. O aluguel do conjunto não sai por menos de 6?000 reais a diária. “A tocha é o maior símbolo da competição. As pessoas se emocionam ao segurá-la”, afirma Mark, que agora tem laços ainda mais apertados com o Rio: no começo de outubro nasceu, numa clínica em Laranjeiras, o primeiro filho do casal, Alfred.

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Tanya e Mark destoam em diversos aspectos dos de­mais conterrâneos que atravessaram o Atlântico tendo a Olimpíada carioca no horizonte. Em linhas gerais, essa turma reúne em sua maioria solteiros na faixa dos 30 anos que de­sembarcam no Rio com o propósito não só de acrescentar mais uma Olimpíada ao currículo, mas também de aproveitar a fundo uma cidade devotada à diversão. Emma Painter, 28 anos, que cuida das operações que envolvem os serviços médicos dos Jogos, Julie Duffus, 38, gerente de sustentabilidade, e seu colega de organização Gavin McMahon, 36, não à toa escolheram Ipanema para morar desde que chegaram aqui, há seis meses. Fora a saudade da família e a dificuldade de assimilar o idioma, o restante eles vêm superando com rapidez. De início, alguns dos nossos procedimentos causaram estranheza, vejam só, como o hábito de escovar os dentes após as refeições. “Morei na Inglaterra, no Canadá, na Grécia e nunca vi isso, mas agora faço também”, diz uma adaptada Sarah. O horário de almoço é outro ponto realçado pelos estrangeiros. “Os brasileiros são mais relaxados e demoram mais tempo à mesa do que os londrinos”, ressalta Gavin.

Até o início da competição, programado para 5 de agosto de 2016, o número de forasteiros que atuam diretamente na organização deve chegar a 200 cabeças. E a presença britânica, com certeza, vai ficar ainda maior nos próximos anos. “É uma ideia inteligente empregar essa mão de obra que vem de fora”, afirma Sebastian Coe, presidente da Associação Olímpica Britânica (BOA, na sigla em inglês) e chefe do Comitê Organizador dos Jogos de 2012. “Nunca duas cidades trabalharam tão próximo para a realização de uma Olimpíada quanto estão fazendo agora Rio e Londres”. De fato, eles têm muitas lições a nos ensinar.

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