A um ano da Olimpíada, Rio prepara-se para maratona de eventos-teste
Na contagem regressiva para os Jogos Olímpicos, a infraestrutura da cidade começa a ser avaliada por atletas e organizadores
A pouco mais de doze meses para a Olimpíada de 2016, o Rio está prestes a enfrentar uma fase crucial na preparação para os Jogos. Entre agosto e setembro, receberemos nove eventos-teste, competições que funcionarão como uma espécie de ensaio do que veremos por aqui no ano que vem. Tais provas, que servem para avaliar toda a estrutura que ficará à disposição dos atletas e do público, são consideradas fundamentais para a realização dos Jogos, e vão ser observadas minuciosamente tanto por federações esportivas quanto pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). A operação é gigantesca — envolverá no total 7 000 esportistas e 12 000 voluntários — e, já ao longo desta quinzena, poderemos perceber seus efeitos em três grandes simulações.
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A primeira delas, no próximo fim de semana, em Copacabana, será a de triatlo, que também terá finalidade competitiva e garantirá aos três primeiros colocados uma vaga nos Jogos. Em seguida vem o remo, com 600 participantes de cinquenta países desbravando as águas da Lagoa Rodrigo de Freitas. A semana se encerra com o hipismo, em Deodoro. “Esses três eventos são de altíssima complexidade”, explica Gustavo Nascimento, diretor de gestão de instalações da Rio 2016. “Avaliamos 26 quesitos da organização, desde a segurança dos envolvidos até o transporte, passando por limpeza e alimentação”, diz. Em meio à crise econômica que atinge o país, os eventos-teste também tiveram de ser adaptados à escassez de recursos.
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A ordem, no momento, é cortar custos ao máximo. No caso do hipismo, foi rejeitada a ideia inicial de trazer participantes internacionais e seus cavalos. Os animais exigem um tratamento muito complexo, com cuidados veterinários, alimentação especial, transporte e acomodação. Tantas despesas teriam impacto no orçamento do Comitê Rio 2016, que optou por uma simulação de porte mais modesto. Agora, serão apenas dezenove montarias, todas trazidas de um haras de Barretos, no interior de São Paulo. “Fizemos uma avaliação, e a questão do transporte aéreo tornou-se um problema. Acabamos ficando com o rodoviário mesmo”, diz Nascimento. Ainda assim, este é considerado um dos eventos mais difíceis da maratona de simulações.
Ali, os observadores terão de avaliar itens como arbitragem e exames contra doping. Outro efeito da estrutura enxuta é a ausência de público em dois terços dos ensaios para os Jogos. Nos que permitem acesso, como hipismo e remo, podem-se adquirir entradas através do site Aquece Rio, mantido pelo comitê organizador. Tida como um exemplo de organização, a Olimpíada de Londres, de 2012, contou com 42 simulações antes da realização dos Jogos. Por lá, a estrutura montada foi bem maior, com a participação de 8 000 atletas e 30 000 profissionais ligados à programação dos eventos. Na capital britânica, o preparo das equipes e o estágio avançado das obras foram bastante elogiados tanto pelo comitê olímpico internacional quanto pelas federações esportivas.
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O sucesso foi tamanho que disputas realizadas na abertura do Parque Olímpico, três meses antes da inauguração oficial, chegaram a atrair até 70 000 espectadores. Por aqui, ainda preocupa o atraso nas obras das instalações olímpicas na Lagoa Rodrigo de Freitas. Além da prova de remo, será disputada no local a de canoagem. A construção da arquibancada flutuante ainda aguarda parecer do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pois o espelho-d’água é tombado pela União. Afora isso, o projeto executivo que deve ser apresentado pelo Comitê Rio 2016 não foi concluído.
Outra dor de cabeça é a limpeza da Baía de Guanabara, que vai sediar a competição de vela. Encarregado da obra, o governo estadual não conseguiu concluir seu projeto de despoluição e, para piorar, teve de enxugar os gastos previstos em seu programa de saneamento. Seis anos depois de conquistado o direito de realizar os Jogos, agora chega o momento de mostrar ao resto do mundo o que de fato teremos a oferecer.